quinta-feira, 6 de novembro de 2008
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Tive um sonho. Não me costumo lembrar dos sonhos mas este era tão especial que decidi lembrar-me dele até o poder partilhar.
Imaginem o seguinte: Um dia, sem mais nem menos, toda a gente se senta num banco e levantando-se para o mundo grita:
-O que eu quero é ser feliz!
Agora, imaginem toda esta mesma gente a fazer tudo o que tem à sua disposição, -isto é, crer e querer ser feliz.
Querem saber o que eu vi?
Vi pessoas. Nada mais. Pessoas. A diferença dessas pessoas para as da vida real é que aquelas pessoas tinha a consciência que não era feliz. Tinham caído em si e por breves momentos reparado que por mais que tivessem vivido uma vida inteira a acreditar que o eram, na verdade não o eram. Mas o que é já a realidade, afinal.
Na verdade, a maior parte das pessoas tem a sina -de ser feliz- mas guarda essa mesma sina para amanhã.
Porquê?
-eu tenho uma teoria, que vou partilhá-la. E vocês podem lê-la, se quiserem.
-eu acho que, o Homem, na sua grande maioria, tem medo da felicidade. Sim. Insiste que quer ser feliz mas evita a felicidade. Afasta-a. Luta contra ela. Mata-a, por vezes. E apesar de ela tantas vezes outras ressuscitar, qual Messias saído dos escombros, ignora-a e obriga-a a abandoná-lo. Ao fim e ao cabo, o mesmo Homem que diz tudo fazer para o ser, tem medo de ser feliz, de fazer e ver os outros felizes. Como que ao sê-lo nada mais houvesse para alcançar. Conquistar. E o Homem, conquistador como nenhum outro ser, de terras, de mares, de bens, de males, de corações, de estômagos, de seres, de pedras, (in)conscientemente pensa que se fosse feliz nada mais tinha para conquistar. E, na sua insaciável busca por algo novo e quando prestes a alcançar o seu objectivo, traça de imediato um outro, bem Mais apetecível e por ventura Mais difícil de alcançar. Talvez se tomasse como Tolo ao pensar em tal Loucura: Ser feliz: Se já feliz, porque lutaria, porque mataria, porque roubaria, porque odiaria, porque pecaria. Poderia por último dizer que é feliz a cometer tais actos. Mas não estaria este então em minoria? Eu penso que sim. E segundo Darwin, morreria aos poucos, em maioria, sem transmitir essa virtude que se transformara em defeito, qual pensamento condenado ao esquecimento.
Vem de novo a questão: Como ser feliz? Sinceramente, não sei. Mas acho que se pode basear mais ou menos nisto: Amor para com aqueles que nos querem bem. Pois, aquilo que quase todos aprendem no primeiro dia de catequese. Até eu que nunca lá fui recebi por entre médio de um qualquer miúdo vislumbrado esse -ensinamento-.
Fica ao vosso critério, mas se alguma opinião tenho, essa seria de certeza a minha. Posso muito bem estar errado, mas por aquilo que vou vendo, ser feliz traduz-se apenas em amar aquilo que fazemos; o que vemos; com quem estamos; o mundo com o qual interagimos; afinal, o que sentimos e nunca o que (não) temos. Podemos gostar, muito até, mas pelo que sei ninguém ama o aquedutos das águas livres desenhado num pedaço de papel.
E como posso ser feliz amando: Como? Acho que começando por não tentar mudar o Outro, por outras palavras, não tentando mudar o mundo, tentando apenas mudar o que de mim vejo e sinto de errado. Não a carne nem o osso. Apenas aquilo que me trás um aperto de dor por dentro quando o faço. À primeira. E com todas as minhas forcas mudar. Não há meio. Não há mais ou menos. Não há melhor ou pior. Há. O bom e o mau. Todos nós sabemos disso. Basta -apenas- amar o bom. A mim, custa-me. De qualquer maneira, acho que nada dá mais prazer do que olhar a prata no vidro e ver reflectido uma pessoa melhor, cada dia. Com algumas, muitas ou poucos falhas. Mas, com essa mudança, vejo o que de mais importante sinto: A mudança para melhor daqueles de quem gosto. Perdão, amo. E assim dá gosto mudar.
Afinal, não seremos todos nós espelho daqueles que amamos?
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1 comentário:
Talvez sejámos realmente o espelho de quem amamos
Acredito, acima de tudo que somos quem somos graças a eles. Aos que amamos, aos que dão sentido à nossa passagem por este mundo.
Gostei, mais uma vez. Parabéns
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