terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Logo

 A verdade é que ela não existe. Transforma-se, mudar de cor, forma círculos infinitos de realidades paralelas, sempre por detrás de um segredo inexistente.

Sou obrigado a desistir, renegar, sacudir, bater, abandonar.


A covardia inerente à aceitação da realidade, deste verdade, trouxe-me: a esta mensagem.


A questão é razoável: penso?


quarta-feira, 7 de setembro de 2022

 Graças a deus que não me tornei escritor.

Para já, escrevo mal. Quando releio o que escrevo, reescrevo e releio, e volto a reescrever e a reler palavra por palavra o que escrevi, até desistir. Porque, no final, são nuances, essas infinitas alterações, as quais não influenciam em nada a qualidade do texto. Muitas das vezes, pioram-no. Melhor assim.

Em segundo lugar, passei a respeitar cada vez mais os escritores e os poetas - e a simples ideia de me tornar escritor é encoberta por verdadeiros artistas a pairar no ar, em cima da minha cabeça, numa bolha cheia de caras, umas rindo-se da inocência, outras condenando a prepotência e arrogância, e ainda outras que demonstram alguma compaixão e piedade, por entenderem que esse desejo à muito que deixou de partir de um lugar egocêntrico, partindo agora de um respeito e uma admiração profunda por todos aqueles que enriqueceram e enriquecem o mundo com o seu dom.

Agora, a leveza do ser ao escrever mal dá-me asas para poder bater à máquina sem reler nem mandar fora infinitas páginas inacabadas por uma palavra, uma frase, um parágrafo ou ponto e vírgula não irem ao encontro daquilo que eu acho que Pessoa entenderia por Escrita. E, para mim, escrever para outros não pode ser menos do que isto: Camões, Pessoa, Lobo Antunes, Nietzsche, Kant, Tolstói, entre tantos, infinitos, outros.

E é graças ao Professor-Tempo que sou  grato por não ter a capacidade de morrer de tristeza, angústia, saudade, amor, traição, tesão. Ou seja, todas essas lindas emoções que transformam um mero mortal num Deus por meio da escrita daquilo que vive cá dentro e apenas os (in)felizes têm a capacidade de transcrever lá para fora.

E é graças a tais divindades que me tornei crente, não precisando eu de estar num pedestal nem de ser adorado, para adorar - Viver.

domingo, 31 de julho de 2022

Te Desejo Vida

 "Eu te desejo vida, longa vida

Te desejo a sorte de tudo que é bom

De toda alegria, ter a companhia

Colorindo a estrada em seu mais belo tom

Eu te desejo a chuva na varanda

Molhando a roseira pra desabrochar

E dias de sol pra fazer os teus planos

Nas coisas mais simples que se imaginar

E dias de sol pra fazer os teus planos

Nas coisas mais simples que se imaginar

Eu te desejo a paz de uma andorinha

No voo perfeito, contemplando o mar

E que a fé movedora de qualquer montanha

Te renove sempre, te faça sonhar

Mas se vier as horas de melancolia

Que a lua tão meiga venha te afagar

E que a mais doce estrela seja tua guia

Como mãe singela a te orientar

Eu te desejo mais que mil amigos

A poesia que todo poeta esperou

Coração de menino cheio de esperança

Voz de pai amigo e olhar de avô

Eu te desejo muito mais que mil amigos

A poesia que todo poeta esperou

Coração de menino cheio de esperança

Voz de pai amigo e olhar de avô"


Flávia Wenceslau Sartori

quinta-feira, 16 de junho de 2022

 Mãos no ar

Fogo no fundo

Respirar

Profundo


Vibrações

Quadradas

Trazem à vida

Vozes sem retorno

domingo, 29 de maio de 2022

Unção

As borrifadas de poesias que entreligam as ruas

Perfumam os sentidos das nossas mentes cruas

Como nós de mãos, dadas, maciças e nuas

Embriagando, de pensamentos indecentes, estas gentes tuas.


O suicídio do criativo salva-nos de despesas emocionais

Choram os crocodilos das riquezas materiais.

Acenamos e piscamos os olhos alternadamente

Na esperança de que o espelho se torne (numa besta) demente.


Nada é para sempre, a não ser a semente

Diz-me uma voz que carinhosamente me mente

Eu refuto-a, gritando, ardentemente

Que eu sou o tenente, que nada sente, coerentemente.

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Issues by Baby Keem

"Don’t let the wolves come get you, ooh-ooh"

Spot on.

Change mother into father and it seems we all share the same destiny, don't we.

Don't open that door and follow the light.


segunda-feira, 21 de março de 2022

Sol

Em plena luz do dia: uma tortura, um repensar, um ódio ao ódio, algo que me faz recriar fantasmas, entes-não queridos, os quais afogo uma e outra vez, sem nunca parecerem morrer. Ou melhor, renascem sempre que dou um banho no lago escuro que me chama como amigo de longa data.

Instantaneamente, a luz do dia compromete a minha sanidade, pois traz ao de cima monstros da noite, Escuro, Abismo, Vertigem sem fim. Serei eu algum dia capaz de caminhar sem olhar para trás.

Há amores que nunca acabarão e arrependimentos que duram para sempre. Mas, ocasionalmente, a paz: é por isto que me afogo em trabalho? Para torvar lembranças de um futuro que um dia construí e vivi, muito antes de aceitar as minhas autoimpostas barreiras metafísicas?

Por vezes sinto a cabeça tremer, em pleno dia, uma sacudir interno, como uma reprogramação, um abanar celestial, eu que durante décadas me refugiei em Deus e o mesmo número de anos o refutei. Agora, vivo no limbo.

Mas há fantasmas, amigos, que me amam e odeiam ao mesmo tempo, e isso faz-me sentir vivo. Tão vivo.  Fantasmas em pessoas com uma ligação que só pode ser transportada pelo vento à velocidade da luz.

e eu voltei a rezar pela paz de espírito de todos aqueles que me odeiam, principalmente aqueles que me odeiam porque me amam. Tanto à imagem de mim próprio. Egocentrismo no seu estado mais puro. Tanto que o Altruísmo fica invejoso. Haverá, de fato, amor incondicional, pergunto-me, sem que esse amor signifique amar por querer ser amado.

Enquanto escrevo estas palavras, volto a acreditar no amor, pois realizo que existem muitos mais a quem amo de que a mim próprio. Mas já não me condeno diariamente, pois aceitei a minha condição humana. Mesmo estando condenado a ser muito mais do que a maioria.

Parece estranho, mas lá está: egocentrismo. Vertigo.