segunda-feira, 24 de novembro de 2008

montanhas



Mais um dia de insónias mutuantes,

mais uma noite de memórias distantes.

Porque será que nego o meu eu

e afirmo conhecer o teu véu


?


não há nada nas montanhas que me faça desistir

mas também não há nada em si que me faça assistir

a uma morte lenta do mundo, por mim, por ti

mas nunca por aqueles, que pensam diferente

de forma a nos levarem em frente

.

Desconheço a vontade do ridículo

mesmo assim, se vivemos num circulo,

como podes ser num fim

quando se começa apenas porque sim


?


Não há nada

hoje em dia

que me faca querer voltar a acreditar

.

Oiço tantas vezes a manada

e o gato que mia

enquanto deixo cair aquele brilho do olhar

.

Confiança no dia de amanhã que hoje a noite fez-se longa. Porquanto a esperança faz a trouxa, montando a tenda sem que a lua se esconda

no fundo

considero me um fugitivo demasiado sensitivo, para uma qualquer tribo.


Por mais que tente,

não encontro o meu trilho e por isso pilho

ando por aí, de astro em astro

barco sem mastro

camuflado de sentinela

-mas sinto me estrangeiro-

um calor que congela

.


Por dias, apenas as melodias me fazem caminhar, e as letras me empurram a continuar.


O facto de os ter comigo também me faz acreditar, melhor dizendo, apenas eles não me deixam nunca. Desanimar. Apesar de, por mais que me custe, me tenha privado de os ver gargalhar, e o sol é o único que não me ofusca enquanto caminho para o ouvir poisar.



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