quarta-feira, 31 de dezembro de 2008


Medos escondidos. Faltam as letras quando as surpresas são constantes. De dias a dias sinto me assim, e venho aqui discutir o que houver para se cumprir. Os sorrisos nas caras são fáceis de perceber, a locomoção por dentro é que me fecha o embelecer. Um candeeiro meio turvo, a pensar se vale a pena acender, uma dança na rua, quase quase a adormecer. Sente o bater do coração, a rigidez da -opinião-, ouve os sons do serão, as marés a baterem como um senão. Daqui a uns tempos serei capaz de expor o que vejo, porque antes de tudo são sentimentos o que praguejo. A mesma acção, uma revolta, ou a bênção do papão. Buh. O quente é negativo e gato mostra me o frio, no seu mio sinto o que viu, mas Contento me com o meu e sorriu. Serei algum dia capaz de me superar, serei algum dia em paz de me parar, chegar e começar. Uma vida de rei, sem nada de seu direito a não ser a confiança na sua própria lei, a resistência de uma sentença, a cobrança de uma corrida em que me cansei. Enquanto não parar de girar, o meu mundo será apenas mais um em que o medo faz parte do que respiro, no ar.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008



Vozes por entre a parede deixam me acordar. Vêm de frente e mostram me que estou carente. Transpiro mas não expiro. Apesar de achar todos os dias que o prazo de validade já passou. Está para mim. Por entre os poros. São eles que gritam. Hoje não posso dizer o que estou a sentir. O momento é de calma e a minha salta me da palma. Tenho o destino escrito na alma. Por vezes saiu à rua e leio a. O mundo, esse devia ser só um. Não dois, três ou quatro. Perdoa me. Um aqui, outro lá e outro ainda -entre os dois-. Aqui sou feliz, lá era eu. Nos parâmetros dos outros sou feliz. E eu tento preenche los. Um dia de cada vez. Saiu e volto e ninguém me sente pelo olfacto. Fechem os olhos. Sintam me chegar, a mim, não aqueles que vocês vêem ao espelho. Pois, hoje é dia não e as duvidas suscitaram aquilo que por vezes não podemos escrever. Por isso saem estes hieróglifos. Costumava pensar que ninguém me entendia. Depois apaixonei-me. Após passadas paixões. E até hoje ando nesta corda-bamba. Toca samba e eu sou sei dançar ópera. Numa época sem tempo procuro te no vento. E de dias a dias encontro te. Agarro te e quando abro a mão a lembrança de te ter no coração. Demais que um dia destes fujo. Isso está mais que certo. Mas como posso chamar a isso de fuga se sei quando me vou. E para onde. Talvez porque quando chegar o momento temo o chegar do tal -Agora não, tens a vida toda. Agora não, tens que te concentrar no teu futuro. Agora não. Não agora. Se querem que vos diga, deixei de acreditar no amanhã. Sinto que posso desaparecer a qualquer momento, por isso, enquanto me ouvirem, estou vivo. E a viver. Que fado no futuro se o presente é o futuro de ontem. Deixem se de tretas e liguem a música - que eu - eu já estou farto de estar sentado.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

The Brave One

"It is astonishing to find that inside you there is a sleepless, restless stranger, that keeps living inside you
(...)
I always believed that fear belonged to other people, weaker people, and that it never touched me. And then it did. And when it touches you, you know that it's been there all along, waiting beneath the surfaces of everything you loved
(...)
There is no going back, to that other person, that other place. This thing, this stranger, (...) is all you are now."

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

No outro dia fui a uma livraria. No caminho para lá deparei-me com a seguinte conclusão. As mulheres procuram, na sua maioria, ver no homem a imagem do pai. Seja este presente ou não. E pensei para mim mesmo. Não, não pode ser. Mas sim, acho que é verdade. Um calafrio. Um medo de imaginar a causa nesse facto e o desvanecer de um sonho. Olho para trás. Parece que toda gente me escuta os pensamentos. Vou confessar uma coisa. Tenho medo de falar mal das outras pessoas. Nem é bem medo. Nem é bem falar. Parece que quando penso em algo acerca de outra pessoa essa mesma pessoa ouve o que eu digo. O que eu sinto. Por isso custa-me tanto mentir, e ouvir mentiras. Tantas vezes que ás vezes, ao me contarem algo olho sem querer para os olhos e oiço a verdade. E a mentira a sair da boca. Que frio, mesmo com estes cobertores todos e todas estas insinuações. Qualquer dia parte-se-me a espinha. De tanto se arrepiar. Nem consigo dormir e não me saí nada. Não és tu, sou eu. Quero ser livre. Tempos depois vejo-te e lembro da sensação de liberdade que é ser-se adorado. O mais que tudo. Primeiro passo na livraria, e cheguei ao céu. Dez segundos depois, sinto-me no inferno. Como é possível haver tanta coisa escrita e tão pouco para dizer. Resumia metade dos livros aqui em duas palavras. Amor e ódio. Desde esse dia tomei uma decisão, nunca mais entro numa livraria sem saber o que vou comprar. Saí de lá com as mãos a abanar, de frio. Mesmo com todos estes cobertores e todas estas insinuações.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008


Ontem consegui não cair na tentação de escrever estes sons dentro de mim. Apesar de achar que esta fonte está para secar, achei que ainda tinha para verter uma última vez. Por isso o fiz.

Certo dia o rei teve um Filho. E ninguém se atreveu a fazer dele humilho. O rei tinha casado com a mulher mais bonita da terra, dado que era rei e todas as donzelas queriam ser rainhas com aquele rei. Mas havia um segredo. A donzela era tão bonita que quando ela se apresentava, os pintores do mundo ganhavam inspiração. Sem coração. As marés vinham e iam ao sabor do vento e a lua ajudava a que o seu movimento fossem constante. As pegadas na areia apagavam-se, apesar de terem sido escritas -para sempre-. Pegadas de promessas. Estavam lá mas por as guardarem, com os olhos sentiam-se traídos, ao invés de as saborearem. Sem molhos. Por isso o rei casou e a rainha teve um filho. Passaram cinco anos desde o dia em que o rei à nova rainha se juntara, e o herdeiro do trono finalmente nascera. Tinha duas irmãs um pouco mais velhas. Tempos depois, o Homem chegou à lua e descobriu que a terra era mais água que terra crua. E surgiu a pergunta: -Porque não planeta água? Logo veio o velho e avisou: -o mundo agora é dos seus senhores e apenas onde eles vivem é aliciante, daí as baleias se refugiarem nas profundas areias. De grito constante. E as aranhas serem feias. Mesmo nas flores.

O menino era cego. Mas o rei tinha tanto orgulho no seu Filho que ordenou: jamais se fala do segundo sentido. Visto que tocar foi consentido. As manas trataram do Menino como delas, daí que cresceram envoltos em amor, apesar das meninas se parecerem com as aranhas, sem cor. O Menino não questionava, para ele bastava como qualquer uma delas cantava. As árvores regiam as florestas, quais imperadoras vestidas por escritores e o vento da lua fazia-lhes festas. O uivo dos lobos sentia-se por gerações, diz-se até que ninguém se aproximava à noite das vegetações. Mas o homem sempre se sentiu obrigado a quebrar tentações. O príncipe cresceu, sem nunca ouvir falar das marés nos olhos. Mas ele cheirava, ouvia e sentia. E a água sorria. O velho era um contador de estórias, alguém que sabia ler muito bem, era algo por aí além. Por isso lia as estórias, na esperança que o Menino acreditasse que aquilo que contava provinha da sua própria cabeça. De dias a dias a menina sentia um calafrio, uma vontade de fugir. Olhava o rio, podendo apenas sorrir, visto que a torre era grande demais. Mesmo vista do cais. Por isso ficava pelo sonhar, com os seus grandes olhos, os pássaros a voar. E não os invejava. Eles não sabiam amar. Ou será que sabiam? Ela, ela pelo menos conseguia imita-los a cantar. Mesmo cheia de animais, a terra deu ao Homem a responsabilidade da sua imaginação. Aos poucos, vai-se arrependendo da sua reputação. De mãe., passou a ninguém. Mas há dias em que os castigos se fazem sentir e aos poucos acredita que quando crescer, este seu filho há-de respeita-la fazendo então de tudo para a manter por cá. Mais um bocado. O Menino cresceu, sem sentir as escórias. Tanto que, como sempre, meninos de verdade deixaram de abrir os olhos de propósito, para poderem (vi)ver como o príncipe.

Até que o príncipe se apaixonou. Foi levado pelos uivo dos lobos para junto da pedra. A menina desceu da torre. Tinha feito amizade com os pássaros e eles levaram-na pra'baixo, visto que o príncipe não podia saber que ela o vira -do seu encaixo-. De mãos dadas, foram-se e no caminho passaram pelo mar., deixaram lá as suas pegadas., sem para trás olhar. Foram felizes. Até certo dia. O rei morreu, a princesa não aguentou mais e contou: que sempre viu. O príncipe sorriu e disse: que também ele sabia o que era ver, mas nunca o fizera porque antes de nascer tivera um sonho em que uma fada lhe dissera: para que nunca abrisse os olhos, até se casar. De forma a que também as suas pegadas não se apagassem na areia do mar.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Quadro


Todos nós temos sonhos. Sonhos tão reais como impossíveis. A dada alguma altura da nossa vida todos nós acreditamos que todos esses sonhos são possíveis de alcançar. Quanto mais não seja, com um pouco de sorte.


Um dia perguntaram-me se sabia quem era. Respondi que sim, porque sabia quais seriam as minhas atitudes em quase todas as situações possíveis e imaginárias.
-Então o que é que não sabes? Perguntaram. -Não saberia escolher entre duas pessoas de quem gosto.


Daí que tenho um sonho. Gostaria de ter um trabalho das nove ás cinco, juntar dinheiro e comprar uma casa à beira-mar.
Ter quatro filhos endiabrados, dos quais dois meninos e duas meninas, para poderem discutir e brincar, morder-se e confortar-se. Ter um cão farrusco, uma mulher linda e um baloiço no jardim. Por fim, gostaria de ter uma sala cheia de livros, filmes, quadros e música, onde podesse ler um diário de quando era pequeno.