quarta-feira, 27 de abril de 2011

Um Sentido Para a Vida


Valeu-me a pena viver? Fui feliz, fui feliz no meu canto, longe da papelada ignóbil. Muitas vezes desejei, confesso-o, a agitação dos traficantes e os seus automóveis, dos políticos e a sua balbúrdia - mas logo me refugiava no meu buraco a sonhar.

A diferença é que eles levam um caixão mais rico, mas eu talvez me aproxime mais de Deus. O que invejei - o que invejo profundamente são os que podem ainda trabalhar por muitos anos; são os que começam agora uma longa obra e têm diante de si muito tempo para a concluir. 

Invejo os que se deitam cismando nos seus livros e se levantam pensando com obstinação nos seus livros. Não é o gozo que eu invejo (não dou um passo para o gozo) - é o pedreiro que passa por aqui logo de manhã com o pico às costas, assobiando baixinho, e já absorto no trabalho da pedra.  

Se vale a pena viver a vida esplêndida - esta fantasmagoria de cores, de grotesco, esta mescla de estrelas e de sonho? ... Só a luz! só a luz vale a vida! A luz interior ou a luz exterior. Doente ou com saúde, triste ou alegre, procuro a luz com avidez. A luz é para mim a felicidade. Vivo de luz. Impregno-me, olho-a com êxtase. Valho o que ela vale. Sinto-me caído quando o dia amanhece baço e turvo. Sonho com ela e de manhã é a luz o meu primeiro pensamento. Qualquer fio me prende, qualquer reflexo me encanta.

Raul Brandão, in " Se Tivesse de Recomeçar a Vida "
Graças a este amor, sobrevivi .


(Isi)
Um dia pedi a Deus para me ajudar. a ter forças, para mudar.

Quando me senti-se afundar, mudar. Sim, mudei de vida como se nao estivesse satisfeito. Mudei de vida, como se nao estivesse a preceito. Bem, estava e nao estava. a vida sim, eu nao.

Dei um pequeno passo e mudei,. Um pequeno passo que vai durando um mes. E miles de pegadas.

Quando voltar espero conseguir escrever aqui algumas coisas. Provavelmente apenas banais, pois o que aqui vivi fez-me passar noites acordado, a chorar e a rir, a detestar e a amar, a saudar e a saudade. De mim,

Aos poucos vou-me acalmando, por ter realizado que sim, que Deus existe. Dentro de mim. Numa mensagem, sem fim

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Desaparecido


me llaman el desaparecido
que cuando llega ya se ha ido
volando vengo, volando voy
deprisa deprisa a rumbo perdido

cuando me buscan nunca estoy
cuando me encuentran yo no soy
el que esta enfrente porque ya
me fui corriendo mas alla

me dicen el desparecido
fantasma que nunca esta
me dicen el desagradecido
pero esa no es la verdad
yo llevo en el cuerpo un dolor
que no me deja respirar
llevo en el cuerpo una condena
que siempre me echa a caminar

me llaman el desaparecido
que cuando llega ya se ha ido
volando vengo, volando voy
deprise deprise a rumbo perdido

yo llevo en el cuerpo un motor
que nunca deja de rolar
yo llevo en el alma un camino
destinado a nunca llegar

me llaman el desaparecido
cuando llega ya se ha ido
volando vengo, volando voy
deprisa deprisa a rumbo perdido

perdido en el siglo...
siglo veinte...
rumbo al veinti uno