Tenho muitas crenças. Isto quer dizer, acredito em muitas coisas. A minha única dificuldade é vê-las no mundo, em que vivemos. Bem sei que a chatice toma conta de nós, que o sentimento de saudade está sempre presente, mesmo vivendo em Portugal. Mas a verdade verdadinha é a tristeza que nos entrenha na alma, e que temos que engolir, aos poucos. Um dia acordamos e damos conta da quantidade de sonhos, que já não temos. Da quantidade de escuro que se apodera da nossa alma, dia após dia, sem nos deixar escolher, um canto melhor, para esconder. Aquela tristeza miúdinha, aquela certeza do inevitável, o qual já nem tentamos evitar. Se não nas letras; onde. Onde posso eu tentar descarregar aquilo que para aqui dentro vai, sem que com isso crie lixo, muito mais que atómico, é um lixo cómico. Sem nada de divino
Que medos são estes, que vida é esta, que nos leva como uma maré, a vacilar e a questionar, tudo e todos, sem nos explicar. Será que podemos saber? Percebem a ironia: Saber é poder e nós, na nossa suprema arrogância acreditamos que sim, que podemos.
e lutamos. Lemos e relemos, folha após folha, até a última árvore cair.
e no fim acreditamos num Bem-falador, que muito mais que cor, trará a dor.
Será a vontade infinita de -ser- Deus
Será a preguiça minúscula-capital
Que nos esconde por detrás de véus.
-o mal-
E eu, gritando aos céus
peço por condolência com os teus:
amores
e desamores,
ateus.
Não sei por quem rezo, nem por quem me desculpo. Bebo a água ao redor de mim, enquanto outros tentam dormir no capim. Assim, com a crise que nunca começou, é a minha vida, distanciado por pegadas, que no fim na valem nada.