sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

A noticia veio mais ou menos assim: 

Grupo no WhatsApp: "Estado de saúde do pai" 

-Perna amputada.

Olhei para aquilo. Primeiro nada. Uma pedra no estômago. Depois, nada. Passaram-se dias. De vez em quando, uma reflexão. Angústia. No fim, uma realização: Não há nada que eu consiga dizer, de forma sincera, que me apazigue. Nem que o faça dormir melhor à noite, caso ele necessite disso. 

Não - decidi: não voar.

Talvez me arrependa... mas uma vida inteira sem um olá... trinta anos porra... e depois, às portas do inferno, vem-me com esta merda?

Agora, com os exames à porta, a cabeça a assentar e ele, provavelmente, com o gadanho no quintal, deveria eu, pois, num instante, ir lá e dizer: que sim, ou que não, ou que talvez, ou que o caralho?


Não. Obrigado. 


Se houver um céu e se tiver que ser, espero que vás para lá. Assim evitamos cruzarmo-nos.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Limão

De mãos dada - fomos passear. 
Uma e outra vez olhava para cima e sorria, sortudo por te ter e ver 
de quando em vez que o fazia. 
Na minha cabeça de vento uma cantiga, depois várias, a vangloriar o mundo e a sua incomparável beleza nua . 
O barulho das folhas era como uma voz que nos dizia: 
vão, sigam em frente e vençam. 
Um círculo de luz circundava a terra, e ela, sozinha, dirigia.


  • Até ao dia em que me soltaste a mão e me ordenaste: sê adulto; como se houvesse algo de bom em tal vertigem a solto. 

No topo da minha montanha não há cruzes nem paisagens idílicas: no topo da minha montanha estão pirilampos sem pilhas - esgotados de tanto sonhar. 

...

Por isso vou descer e prometo que nunca mais canto: só para mim. mas por favor, 
dá-me a mão, 
nem que seja para voltares 
a tratar-me fugazmente por anão. 

E a resposta é sempre a mesma:

Blogs "meus"

Hoje fui repentinamente feliz. Ainda há palavras, na maioria das vezes, compostas em forma de poemas, que me fazem sentir vivo - por espelharem a alma e, principalmente, a morte.