sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

A noticia veio mais ou menos assim: 

Grupo no WhatsApp: "Estado de saúde do pai" 

-Perna amputada.

Olhei para aquilo. Primeiro nada. Uma pedra no estômago. Depois, nada. Passaram-se dias. De vez em quando, uma reflexão. Angústia. No fim, uma realização: Não há nada que eu consiga dizer, de forma sincera, que me apazigue. Nem que o faça dormir melhor à noite, caso ele necessite disso. 

Não - decidi: não voar.

Talvez me arrependa... mas uma vida inteira sem um olá... trinta anos porra... e depois, às portas do inferno, vem-me com esta merda?

Agora, com os exames à porta, a cabeça a assentar e ele, provavelmente, com o gadanho no quintal, deveria eu, pois, num instante, ir lá e dizer: que sim, ou que não, ou que talvez, ou que o caralho?


Não. Obrigado. 


Se houver um céu e se tiver que ser, espero que vás para lá. Assim evitamos cruzarmo-nos.

3 comentários:

Ana A. disse...

Toma um abraço meu apertado, ainda que virtual. Mas que só por hoje, ou por um par de horas, te apazigue a alma e a angústia.
Tu és mais homem que a maioria dos homens que conheci.

Maestro disse...

Obrigado Ana: pelas palavras e principalmente pelo carinho :)

Ana A. disse...

Sabes sempre onde me encontrar se precisares de quem te oiça!