Eu corro apenas para descobrir que não posso fugir - de mim. É óbvio. Mas ao som de Cohen sinto o verde dos cactos soltarem espinhos quentes, marés cinzentas que trazem raios laranjas que sabem a cevada.
Não há nada como uma guitarra, uma melodia que nos diz que a viagem não faz sentido, mas que o som vale a pena a leitura.
Este cavalo selvagem, bravo, com coração de coiote, teima em não ser escrito.
Esta vida, que não empurra para um canto escuro, tão falado e temido, sussurra: eu nunca disse que ia ser montada.
Não há nada de real, apenas barulho, que traduzimos em símbolos.
Eu estou, claramente, à procura da minha sombra. O que sair do outro lado será o que tiver que ser, mas serei - eu.
Só, viajei para estar só. Algures no Pacífico estou só, mas não solitário. Felicidade, liberdade - pela primeira vez na vida, sinto que posso ser eu sem um objetivo, sem querer impressionar-me a mim mesmo. Quero-te impressionar, sim, génio da lâmpada, pois houve uma altura em que acreditava em ti e tudo fazia sentido. Agora sou um barco, cansado de navegar mas feito de madeira rija, que nunca irá afundar. Encontrei uma luzinha no fim do meu túnel, a qual me ordena: segue as ondas.
Finalmente só. Não há nada melhor que este sentimento. Será estar com Deus isto, estar só mas não solitário, desamparado?
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