Nunca haverá um amor como este - como é possível?
A felicidade numa voz, feição, grito, fralda, a cada abraço, beijinho, passeio, baloiço, folha de outono, mãozinha que acaricia, amor eterno, este. Obrigado, meu Deus!
De momentos em vez vem-me este vomito.
Uns chamam-no bom, eu digo merda.
Há 30 anos era criança. Havia uma vida.
Um inferno no paraíso da minha cabeça, que esquecia tudo, que leveza.
E só agora estou a realizar que existe outra.
Destino da criança que está nesta casa. E não sou eu. É como querer matar os meus fantasmas com espadas de ferro.
Sinto-me tonto de pavor. Nunca estarei preparado - mas dou o meu melhor.
Tanta embrulhada. Não consigo sair. É como um cobertor todo enrolado, dentro de um edredão.
E eu a tentar tapar para adormecer, mas o pano interior não se desenrola. E vou adormecendo - de cansaço, exaustão, fúria, má digestão -
Ao mesmo tempo que dou pontapés na manta que me aquece, porque ao mesmo tempo, incomoda-me.
Está na hora de me levantar, sacudir o mantra e mudar de cama.
Mas o pano sou eu, e quem dorme é a manta. Não há maneira de escapar aos pontapés.
Teremos que aprender a dormir em camas de espinho, até nos tornarmos, nós, picos?
Rosas silvestres, corajosas, as quais nos ensinam cheirar sem tocar, sentir sem arrancar, plantar, sem semear.
1.2. pensamento baseado em GG Jung:
Chega de tentar vencer o exterior, baseado apenas no teu génio.
Aceita as profundezas da tua alma, conquistando a intimidade da tua própria sombra.
Equilíbrio.
Nobody wants to wait for little miracles (Little miracles)
SIA - MIRACLE SONGTEXT
A verdade é que ela não existe. Transforma-se, mudar de cor, forma círculos infinitos de realidades paralelas, sempre por detrás de um segredo inexistente.
Sou obrigado a desistir, renegar, sacudir, bater, abandonar.
A covardia inerente à aceitação da realidade, deste verdade, trouxe-me: a esta mensagem.
A questão é razoável: penso?
Graças a deus que não me tornei escritor.
Para já, escrevo mal. Quando releio o que escrevo, reescrevo e releio, e volto a reescrever e a reler palavra por palavra o que escrevi, até desistir. Porque, no final, são nuances, essas infinitas alterações, as quais não influenciam em nada a qualidade do texto. Muitas das vezes, pioram-no. Melhor assim.
Em segundo lugar, passei a respeitar cada vez mais os escritores e os poetas - e a simples ideia de me tornar escritor é encoberta por verdadeiros artistas a pairar no ar, em cima da minha cabeça, numa bolha cheia de caras, umas rindo-se da inocência, outras condenando a prepotência e arrogância, e ainda outras que demonstram alguma compaixão e piedade, por entenderem que esse desejo à muito que deixou de partir de um lugar egocêntrico, partindo agora de um respeito e uma admiração profunda por todos aqueles que enriqueceram e enriquecem o mundo com o seu dom.
Agora, a leveza do ser ao escrever mal dá-me asas para poder bater à máquina sem reler nem mandar fora infinitas páginas inacabadas por uma palavra, uma frase, um parágrafo ou ponto e vírgula não irem ao encontro daquilo que eu acho que Pessoa entenderia por Escrita. E, para mim, escrever para outros não pode ser menos do que isto: Camões, Pessoa, Lobo Antunes, Nietzsche, Kant, Tolstói, entre tantos, infinitos, outros.
E é graças ao Professor-Tempo que sou grato por não ter a capacidade de morrer de tristeza, angústia, saudade, amor, traição, tesão. Ou seja, todas essas lindas emoções que transformam um mero mortal num Deus por meio da escrita daquilo que vive cá dentro e apenas os (in)felizes têm a capacidade de transcrever lá para fora.
E é graças a tais divindades que me tornei crente, não precisando eu de estar num pedestal nem de ser adorado, para adorar - Viver.