terça-feira, 23 de setembro de 2008

Dias como Noites



Há sentimentos em toda a parte, momentos que nos põem aparte, sentimentos que nos fazem ouvir, momentos que nos fazem sorrir.


Ele há dias...


De dias em tempos procuro algo de mais, penso em viajar, sonho em me ausentar. Partir daqui e nunca mais voltar


há dias assim...


Às vezes tenho a certeza que um dia deste me ponho a andar.

Pura e simplesmente me canso desta vida e pum... lá vou em busca: de mim.

Uma volta ao mundo, diria eu agora.


No dia em que não me apetecer mais viver, de certeza que nem sequer me penso em acabar. Faço-o simplesmente à minha rotina. Se a isso algum dia chegar.


Luto, esfolo-me. Desembrulho. Ando por aí a estudar e a trabalhar para ver se me faço bom naquilo que quero ser:

O melhor nos cânones dos outros não me diz nada.

Mas saber que dei tudo de mim, vasculhei e descobri o que saiu no fim, faz-me melhor. Sabe bem.


Como explicar isto

-sem que pensem que temo que me achem estranho-

mas que saibam de antemão que

-tento e exponho isto de forma o menos normal possível-

, e ainda assim, racional.

Será possível?


É mais ou menos isto: Não quero nunca chegar a casa adiantado.

Cansado. De pensar, de sentir.

Não quero nunca desejar chegar e me sentar.

Quero me construir sem nunca destruir.

Quero sentir a vida a mil à hora, o stress por fora a consumir-me por inteiro e mesmo assim, quando em casa, conseguir falar com um sorriso na cara daquilo que faço por me cansar.


Sim?


E Casar. Quero me casar, De certeza. Mas não agora.

Talvez quando tiver 30, 40 anos. Praí.

-É apenas um desejo-.

Quem é que já controla a paixão.

Talvez me apaixone,

mas só me quero casar quando nos poder desfrutar.

Não quero assentar, ter filhos e desistir de sonhar.

Quero tudo isso sem nunca me desejar desaparecer.

Imagino-me a caminhar, de mãos dadas ou sozinho.

Sem julgar, encontrar por aí quem me possa falar, fazer ver e acompanhar.

Em último caso, que saiba escutar.


Quero andar de mochila às costas horas a fio,

procurar no mapa onde me vou deitar,

rir-me por tudo e por nada mas principalmente por ver pessoas na rua com a pressa do cio.


Antes de mais, quero sonhar para no caso de nunca viajar, me procurar nos sentimentos o Sentido para algum dia o desbotar.



Será portanto, todo o tempo que juntar para essa tal viagem que se avizinha qualquer dia chegar.



Fico à espera.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Um bocado de Mim. E de Ti também.


De momento nao sinto nada.

É como se estivesse em transe. De baixo d'água. De vez em quando acordo, emirjo, lavo os dentes, a cara, como, leio, escrevo, falo, ando, fico com sono e pum… entro em transe. Porque este sentimento de tristeza, de saudade, de falta daquilo que é meu, está aqui presente. Mas não se manifesta. Porque eu não deixo. Estou em transe, portanto. E pelo meio, uma macã. Um lavar de dentes, um livro. Um livro não, umas páginas, porque estes livros de hoje em dia são enormes. E no entanto pequenos. Porque sinto sempre um pequeno nó no estômago cada vez que acabo um. E ainda assim: estou em transe.


Percebem o que quero dizer: Sei tudo o que se passa à minha volta, tenho montes de coisas para fazer e faço-as: Durmo, acordo, lavo os dentes, como, leio, oiço musica, vejo televisão, preparo-me para sair, saiu, revejo novos e conheço velhos amigos. Porque tudo não me é estranho e no entanto, cada velho amigo é um desconhecido. Uma parte de mim. Tudo isto num estado de sonambulismo (Ab)surdo. Oiço toda a gente e no entanto não percebo nada do que dizem. Ninguém. Nada.


Não as palavras: Essas são fáceis de perceber. As ideias por detrás delas. Essas é que me fazem confusão. Não as entendo.

-É como me sentisse apaixonado e nem sequer a conheco-.

Depois penso para mim: Não faz sentido nenhum o que dizem. Será porque não sabem o que querem ou simplesmente não o sabem exprimir. Dizem, apenas.

Uma vez ouvi num filme:

"-(...)when people think you're dying, they really listen, instead..."
"-Instead of just waiting for their turn to speak."
Que traduzido quer dizer mais ou menos isto:
Nunca ninguém nos ouve se não quiser alguma coisa de nós.

Agora já não tenho tanta a certeza.


Será isso portanto, pensei. Mas continuo a achar que será esse, a haver algum!, o maior fracasso da humanidade -ou, a haver uma!, a sua maior virtude-: A dificuldade -ou faculdade- de ouvir o outro, sem pensar no que vamos dizer a seguir. Para o impressionar.

E no entanto, falo. Falo que me farto. Nunca estou calado. Ás vezes até irrito. Mas consigo sempre, e digo isto sem qualquer protagonismo, ouvir alguém: Quando me interesso por essa pessoa. Mesmo que o que essa pessoa tenha para dizer seja apenas: “Olá:”
Se ouvirmos, se realmente ouvirmos, às vezes nesse olá, nesse timbre melancólico ou contente, neutro ou eufórico, sincero ou incongruente, esteja escondido ou exposto a alma da pessoa, aquilo que sente, o que lhe dói e o que lhe falta, e o simples -está tudo bem- já não seja preciso perguntar: A maior parte das vezes fica a resposta à frente da pergunta, então sai um “’tá tudo bem!” como resposta à pergunta que já tinha sido respondida, na voz, no olhar, na postura, no andar.

Apenas ouvir. Custa tanto. Porque às vezes percebemos que não precisamos tanto de falar. Porque o que dizemos é exactamente a mesma coisa que quem olhamos falar disse. De forma diferente. Claro.

E mesmo assim continuo em transe, da qual só saiu quando vejo uma pessoa de quem gosto. Aí calo-me. Depois falo. E nunca mais me calo. Porque o que eu digo é exactamente o que ela quer dizer.

De uma forma diferente. Claro.

No fim, acabo por odiar esta palavra: transe, e mudo-me para um estado de espírito todo importante: ocupado, pensativo. E oiço. Oiço tudo o que tem para dizer, sem, por defeito, esperar pela minha vez de falar.

No entando será este dos textos mais mal escritos que vi escrever, e mesmo assim passei por aqui e li-o, enquanto o escrevia.
Estou pensativo, portanto.


Todos os dias sinto, oiço,. mas esta saudade começa a apertar por não saber como avançar, faz-me gigante a pensar, comprimido no falar, sucinto a escrever, impulsionado a sentir. Por perto.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Linhas por letras


Conta a lenta que certo dia alguém soprou, e daí nasceram os ventos que a partir desse dia a terra cantou.

Continua a versão do mestre sem visão
O monge que são reza sem coração
A vida que bate por aí sem imaginação
Continua as devastação do interior sem opção

Não é preciso explicar o que queremos dizer
Se no fim há pouco daquilo que vemos ser

Pouco me importa o teu singelo semblante

O que sentimos é mais importante que o desejo mutante
Volta para perto do meu pensamento, chega ao dito volante
Que nos guia de um lado para o outro, sem irmos para avante

E ainda assim gosto de ver
Aprecio o momento de aprender
E a voz que me mandar correr sem conhecer
O caminho por onde caminhamos sem escolher
Faz apenas sentido se depois do temer houver
a vontade.
O crer

O tempo passa, damos significados ao que escutamos
E o tempo passa, nada se mostra mais do que queríamos

É fácil queremos, é fácil aceitarmos
Mas enquanto vagueamos pela cidade sem idade
Encontramos gentes, vasculhamos as suas mentes
Procuramos-lhes uma alma, a nossa alma

Vem as ciganas e lê-na nas palmas
Aí está a visão de aquilo que sonhamos
Nunca acreditamos mas pagamos
E aí sim, descansamos

Falta-me coragem para lutar sem partir
E ao mesmo tempo não me concebo desistir.
Assistir ao espectáculo e não actuar
Ver e não Acreditar.



O acto teatral de um santo.
Bater Palmas?
Só a si portanto.
Porque o resto de mim foi-se sem representar.
E eu não o vi despedir-se. Nem chorar.