quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

doce


Com esta teoria de um tal de "Umcalhau" confirmada, dei por mim ás voltas nas ondas, onde pensava já navegar não à quase uma década. lembro-me que na altura o mundo era plano e redondo, em vibração e calmo, onde tudo era possível e ao mesmo tempo cheio de ocos actos.

O destino tinha para nós reservado, algo de impensável e saboroso. Aquele iogurte de baunilha que passou do prazo faz tempo, no fundo do frio, mas que nós mesmo assim provamos, porque todos sabem que iogurtes duram e duram. Mas por mais boa vontade que os germes tenham, e as bactérias insistam.

O tempo não pára. Ou andas para a frente, ou para trás. mas parar não pára, segue, qual comboio inglês, algures na Índia. reparado aqui e ali, até ser completamente substituído, apesar de na superfície parecer o mesmo.

Queria eu ter um relógio religioso, que apontasse sempre para o meio dia. E eu sempre com a esperança que a praia estivesse perto, uma cabana, um pequeno café, gentes interessantes com quem conversar, fora de um turismo montanha.

Encontrei isso em Goa, pouco antes de voltar daquela que foi a viagem da minha vida. Por isso voltei com tamanho optimismo, apesar daquilo que vi, e aquilo que escrevi naquele diário esquisito.

O Nepal foi diferente, Israel um abrir de olhos, Egito serviu mais para confirmar preconceitos.

Itália foi uma viagem a ver a moderna materialidade e o perigo a todo o instante -de ficar preso neste mundo- porque a beleza superficial das ruas, da arte, das mulheres, dos bares, da boémia, do vinho, é deveras bello. No fim, foi a viagem feita sozinho, num carro e bicicleta, que me prendeu ao ser que sou, mesmo que magnetizado pelas grandes cidades e pelas lindas aldeias, os grandes castelos em forma de igrejas, os bares cheios até madrugada, possíveis romances que deixei de lado. Tudo isso fez-me gostar do luxo que é viver ao sabor do cifrão. E ter a certeza que não é para mim. Que alivio.

Tudo isso é tão longe de uma conversa de almas no chão, na varanda, sem vozes, gritos de ciúmes e ódio, amores sem qualquer forma de se realizarem, qual Hancock a ver a alma gémea morrer. O vinho pode ficar. Assim como as madrugadas.

Mas estou a fugir ao assunto: tentei morrer durante uns anos, na esperança de um novo eu nascer. Feliz por não ter que viver rodeado de nuvens negras, cães enormes, rodeado de crianças nos cantos de um quarto escuro. sou eu o sou, e durante muito tempo, fui o eu. Cheio de Karma, sem destino, criado por crias, cantado aos ventos de um deus, que me visita de vez em quando e dizia: eu não estou aqui. Qual criador, que faz a diferença entre sobre e o viver.

No fundo, quis ser monge durante seis anos ela segurou-me, prendeu-me à terra, disse: fica.. e eu fiquei, como a matemática se sente atraída pelos números. Na verdade, disfarça-se de oito deitado, para momentos de faz-de-conta. Depois há o amor, que fica sempre. Apesar de eu não acreditar que existe, é isso que fica: O faz-de-conta que a matemática resolve tudo, separadamente. no fim, vêm ondas quânticas e misturam tudo, espírito e corpo.

Se achas que a areia da praia é linda, nunca viste um verdadeiro calhau. A fonte desgraduada, em forma de gigantes, antes de morrerem. Para algo maravilhoso.

Ainda que o tempo não pare. Ou anda para trás, ou anda para a frente. E eu aqui: à espera da onda perfeita,  voar  pelos oceanos, à procura da tempestade perfeita.