sábado, 16 de fevereiro de 2008

Mundos Mudos


Apetece me gritar sem deixar sair o ar, este ar que me enche o pulmão, algo que me torne único e liberte desta tentação... 

De querer sempre mais, de querer ser diferente dos demais, de atacar toda a gente como animais, de criticar os iguais e de sentir o que sinto sem sentir nada quente nas artérias principais. É um frio que cresce dentro de mim, por ver aquilo chamado de conformismo sem fim, falta de alma ou cegueira mental que apenas vê o sim.


Procuro na rua rostos familiares, gentes cujos olhares me faça querer nunca mudar de ares.

Mas tudo o que sinto, é gente descontente, preocupada e decadente, procurando saídas sem entradas, sem perceber que tudo o que faz é seguir a multidão até ao penhasco sem fundo nem chão.


Ao parecer pessimista, custa me desacreditar no destino. Digo desacreditar, porque costumava acreditar, até finalmente perceber que na lógica do destino está a vertente mais egoísta do Homem, a de estar determinado a algo especial, quando há mártires que por mais que tentem nunca irão sair da sua condição animal.

Ainda acredito no destino, no meu e no teu. Mas também acredito que sou especial, e agora perguntas me se também o és ou se és apenas um vegetal.


Na realidade, cada um pode ser tudo o que quiser, basta apenas para isso nascer.
Existe liberdade, existe escolhas, existe acções mas essa liberdade, essas escolhas e essas acções são tão limitadas como letras nas folhas.
E no mundo em que vivemos, torna-se obvia a decisão que tomaremos.

Aquilo que eu decido, torna-se o conceito daquilo que eu quero, tornando o mundo definido, mas nunca entendido do que realmente espero.

Maestro

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Aquilo


Tudo tem um inicio e tudo tem um fim.
Ao começar pelo inicio luto até fim.

Vejo tanto d'aquilo todos os dias

que acabei por me resignar ao que sou

um mero espectador despido de manias

tento por de parte aquilo que não dou

quando falo em mundos vazios cheios de complot.

Aquilo são livros decorados em décadas de escola

sociedades frenéticas a procura de uma esmola,

vazias visões estéticas das qualidades métricas,

são comportamentos finos tirados da cartola

sem sentido mas muito engenho na gola.

Gravatas atadas com precisão,

golpes baixos para subir de posição,

Algo que nos faça viver mais;

Num mundo tacanho de realidade diferente

em que todos somos especiais

mas onde ninguém quer ser presente ciente 

das suas responsabilidades sociais;

Enquanto gente e não algo de sangue quente

procuro não achar o propósito do meu mapa

o qual quero acreditar vou construindo sem escapa

porque se não o fizesse, mais questões se levantaria.

Certo é que sem asas não voarei e sem querer, não viverei.


Posso aprender a ler, mas com letras dadas nunca poderei escrever.


http://vferreira.no.sapo.pt/exist.html

Maestro