
Acabo por descobrir que não sou especial
Sobrava-me ternura no acreditar do precipício
Nada fica completo se não completarmos o vício
Nada chega ao fim se não houver um grito final na voz
E quando acabamos há sempre algo mais -a escrever- que nós
Há sempre algo mais, Há sempre algo.
O segredo? qual segredo se toda a gente o sabe
É engraçado o que fazem para nos troçar
E nós deixamos, e ainda pensamos agradar.
Toda a gente sabe correr,  descobrir-se onde quiser
Ás vezes falta-nos a coragem,  resta-nos a Bendita paragem
A ver os autocarros passar cheios de gente
Fica-nos na memória o futuro,.  sem presente
  
Para onde, diz na frente
O caminho -por- onde ninguém o lê
Mas toda a gente sabe, sim, toda a gente o vê.
e ninguém o lê.
Enquanto fico á espera,  nesta paragem
Imagino-me outras vidas, outras miragens
Se quem dirigi não se me abre a mente 
Como posso escolher,  se nem sei -por- onde vai agente?
Vejam as janelas,  ilumidadas sem velas
O caminho é tão mais bonito navegado
Do que só ver na chegada as caravelas
As árvores a baloiçarem,  ás vezes a’sobiarem
As aves a cruzarem,  as estrelas a chegarem    
As crianças em janelas descobertas
Nas suas caras,  lembranças sem lamentas
Apenas uma vontade,  aqui e ali,  um pensamento
Por vezes sonho,  uma cartola posta na vida de quem não manda.
As caixinhas vermelhas deixam-me adivinhar lá dentro
A telepatia das plantas em nós,  o gritos da terra em chamas sem voz
O Silêncio ensurdecedor das vizinhas saudades,  que teima em chegar a sós
Vejo-a ali deitada sem cobertor
esplanada ao luar sem cor
esperando pelo negrume impostor.
.
É a saudade à espera do tempo,   ele que não sopra nunca o vento 
apenas nos mente ao seu próprio sabor.
Ela que venha, que eu tenho onde ir antes de anoitecer.



