segunda-feira, 23 de setembro de 2024

De momentos em vez vem-me este vomito.

Uns chamam-no bom, eu digo merda.

Há 30 anos era criança. Havia uma vida. 

Um inferno no paraíso da minha cabeça, que esquecia tudo, que leveza.

E só agora estou a realizar que existe outra. 

Destino da criança que está nesta casa. E não sou eu. É como querer matar os meus fantasmas com espadas de ferro.

Sinto-me tonto de pavor. Nunca estarei preparado - mas dou o meu melhor. 

Tanta embrulhada. Não consigo sair. É como um cobertor todo enrolado, dentro de um edredão. 

E eu a tentar tapar para adormecer, mas o pano interior não se desenrola. E vou adormecendo - de cansaço, exaustão, fúria, má digestão - 

Ao mesmo tempo que dou pontapés na manta que me aquece, porque ao mesmo tempo, incomoda-me. 

Está na hora de me levantar, sacudir o mantra e mudar de cama. 

Mas o pano sou eu, e quem dorme é a manta. Não há maneira de escapar aos pontapés. 

Teremos que aprender a dormir em camas de espinho, até nos tornarmos, nós, picos?

Rosas silvestres, corajosas, as quais nos ensinam cheirar sem tocar, sentir sem arrancar, plantar, sem semear.