Domingo,
Estou de férias à bastante tempo, sempre rodeado por gente, mas sinto me tão estranho, estrangeiro, fora do meu rebanho. Um mensageiro.
Um mundo que me faz seu mensageiro não merece o meu empenho.
Sou instigado por dado tinteiro, quando escolho não mais que um zoupeiro.
Quero ir para casa. Um sitio que me faça sentir querido e amado,
um lugar sem lugar, onde está guardado o lugar do meu lugar.
Onde não me sinto de parte, onde me deito à noite sem temer o amanhã.
Onde me sinto gigante, e a angústia se transforma em anã.
Porque a nossa casa não é onde estamos, mas onde nos achamos.
Nunca é onde chegamos, é sempre para onde queremos ir.
Não é onde nos damos a alguém, mas onde nos recebemos sem desdém.
Não é onde nos vemos, é onde nos podemos ouvir.
Não é onde escondemos o choro, é onde podemos simplesmente rir.
Sem medo de ser quem somos, dizer o que sentimos e chorar quando queremos.
Sem parar.
Quero voltar, chegar e sorrir. Sem lugar, é em casa que quero estar.
Preciso dormir, preciso chorar, preciso sentir, preciso sonhar.
É em casa que quero chegar.