sábado, 18 de outubro de 2008

anti-poesia

Descubro que por mais forca que faça, acabo sempre por encontrar uma traça, uma farsa, que se me entranha pela pele adentro. Sem papel de destaque, é apenas figurante. Sem Channel; adoçante. Dito isto e visto não haver plano previsto, começo a imaginar o que seria de mim sem o dito Evaristo:
O tipo da pergunta, -tens cá disto?

-É o riso que me leva de um lado par o outro sem procurar o que encontro-.

Tinha três anos, três anos. A primeira vez que me lembro daquele pedaço de mundo, sem fundo, no fundo de tudo em que me afundo.

A discussão: não sei a razão, mas suponho que fosse devido aquilo que lhe era mais importante que pão. Sim; falo do meu papão, dos momentos em que chegava a casa e ladrava que nem um cão, e eu a brincar. Porque não o ouvia. As suas palavras nunca me causaram medo nem tão pouco inspiração, apesar de não me lembrar de uma vez sequer me ter levantado a mão. O papão. -Engraçado como este adjectivo só me aparece quando já não tenho idade para chorar em vão-. Até àquele dia. Os vizinhos saíram das suas comportas, para assistirem às palavras tortas. Não percebo o que se passa, vejo desfocado; ou será a memória a tentar esconder-se de mim. As palavras saem de um lado e de outro de uma forma habitual, fará parte do ritual? A minha protectora, outrora professora, levara-me ao colo, porque as minhas finas pernas já não aguentavam mais solo. e de repente PÁS! Um estaladão,

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