domingo, 16 de novembro de 2008


Não sei se vou conseguir escrever isto.

E apesar de cada das vezes pensar e sentir isto, talvez seja esta a que me sinto mais à deriva. Talvez não,. de certeza. Como um beijo prestes a dar, sem saliva. Que lesa.

Alguma vez sentiram que eram mais em vida do que em sonho? Como pôr isto de maneira legível: A minha pergunta é se alguma vez se sentiram tão que preferiam não adormecer nunca, para que esse sentimento jamais se desvanecesse?

Imaginem um sapo que, de repente, se transforma em príncipe. Imaginem um cavalo solto da ancoragem e liberto numa qualquer savana se emancipe. Conseguem-se imaginar salvos dos vossos trabalhos e sem obrigações materiais. Meu deus, imaginem não conseguirem dormir porque o respirar tira-vos a calma, as imagens limpam-vos a alma, os sons clareiam a mente, os toques aconchegam o coração urgente... Meu Deus! Imaginem: o poder tocar o céu por uma pedra. Conseguem visionar uma beleza que cidra de um som que se prolonga para além do seu próprio timbre?

Como deixar isto sem que me perca entre palavras desnecessárias e supérfluas, gastas e levianas, fora, para que aquilo que diga não seja apenas algo de(mais) acrescentado.

Que a alegria se vê nos olhos, mesmo quando esta de costas.

As cartas: foram finalmente baralhadas, postas. Há uma energia a flutuar, o emitir de um sinal que estava por chegar. E chegou. Agora, anda por aí. Insónico. Eles ouvem, ladram, uivam, miam, mungem, cacarejam, grasnam, relincham, zurram, rugem, piam, chilreiam, grunhem, bailem, zumbem, urram, coaxam e até cantam: a sua chegada. Elas, fluem-na. Dividem-na.

Já questionei o poder da lua e do sol sobre aquilo que sentimos, se o conhecimento é realmente benéfico, a mim, como ser finito, ou se nos leva a uma busca insaciável e sem respeito, pelo inanalisável. Já me perguntei se as marés nos podem curar realmente de magias cheias ou ocas de cor. Já me perguntei se a vida é vivida antes ou depois, se o durante existe ou se é apenas o passado em viste da dor. Sem efeito.

No entanto. De momento, nada me trás mais inquietação do que sentir que nem todos procuramos o mesmo. Talvez seja inocente ou impaciente, anjinho ou parvinho, ou apenas ignorante. Adiante. A pergunta: O que leva algo de mente pensante a processar, amaldiçoar, quebrar, maltratar outro também de pensamento incessante, pelo simples facto de o fazer?

Perturbante.




-No outro dia segui um arco-íris. Nada me fora anunciado. Mas no fim, como no conto, ali estava ele, o pote de ouro. Imaginei onde estaria o tonto que apenas sonhara por louro. Ali não, pois o ouro que buscam os homens, que circunda dedos e pescoços, pulsos e ossos, não se revia naquele, visto que aquele era metafórico. Assim como o era o arco-íris. Mas o pote, esse estava lá. Feito de cor.

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