terça-feira, 24 de março de 2009

Nunca fui, mas agora sou: Um saudosista. Por vocês. E por mais, os quais na verdade não podemos citar, por medo de nunca na verdade se conseguir alcançar. E no entanto sei, que me consegues escutar, mesmo quando as minhas palavras não são já as mesmas de antigamente . Por aí, fico na esperança que consigas ouvir quando falo sem expirar.

Luta. Esta batalha diária de agradecer por tudo aquilo que tenho e a falta; de algo que tive e me faz tanta falta. O carinho, aquele carinho é na verdade, o que me faz mais falta. Apesar de aqui ter o dela, da família, como que o reacender de uma vela. Mas esta cera já está tão desperta, que o coração se me aperta, cada vez que vejo o tal filme ou oiço a tal música, numa rua deserta. As minhas sobrinhas, uma em África, outra em Lisboa. O meu sobrinho, cheio de força e a certeza que voa. As lágrimas ao deitar, porque por mais que me sinta feliz de dia, é à noite que me deixo aguarelar.

As noites sem fim, passadas na rua, no café ou no jardim. Perto de vocês, perto de mim. Conheci-vos agora mesmo e no entanto já passaram três anos. Para mim, três décadas, em que o mundo pára e o tempo acelera. sentados na estrada, de uma rua qualquer. As tais escadas, que se tornaram o refúgio ao anoitecer. As mil e uma esplanadas, que na verdade foram só meia dúzia, misturando as conversas da treta com assuntos de etiqueta.

As minhas manas, perfeitas como são. Por mais erros que façam, têm um amor que transcendem qualquer coisa que se faça,. para os seus - sem um senão-.

Espero todos os dias por um milagre, e riu-me . Sozinho. Aqui é primavera e hoje passei a manha na sala a olhar para a janela. Neva. Flocos pálidos, com medo de cair, tão quente que está o chão, das caminhadas em tom ameaçador e ladrão. Ri-se, o tema era uns daqueles testes psicológicos. Em que se explica aquilo que somos. Ela ciumenta de morrer, não dá espaço para um passeio a sós, nem sequer a casa dos avós. Eu, afasto as pessoas com medo de ser magoado, qual egoísmo desmesurado. E ri-se. Parece que se identifica, diz que os opostos se atraem de certeza. Não sei bem porque mas prefere falar inglês, vai na volta os outros não falam e assim a conversa fica só entre nós . e apesar de outros comentarem a sua beleza, olho para ela e imagino - a incerteza de ser levada a pensar por si, um discussão de vez em quando e a certeza que não, até porque ela acredita nestes testes e segundo eles, prefere calar a dizer o que pensa: Não vá eu acha-la feia por pensar. Eu, espero que o tempo passe, a neve a encaracolar.

What? - I said you are always away and yet... Anyway, do you wanna hang out after the class? - Sorry, I can't.

Por algum motivo, cada dia mais penso: quanto mais difícil for um homem achar uma mulher bonita, apenas por ela o ser, mais essa mulher bonita se torna. A insegurança vai-se, e a certeza que a beleza interior é muito mais importante torna-se o caminho de uma viagem distante. Á espera de um bilhete de papel cortante. Mas a recompensa, a alegria de ver o mundo sem olhos dados.

De rompante .

6 comentários:

Anónimo disse...

Sei que ando uma desnaturada nas visitas aos amigos!... por isso passo para deixar um beijinho

RM disse...

Sónia, tudo menos desnaturada. Apesar de não deixares aqui as tuas palavras, sei que estás sempre à espreita.

Obrigada e um beijinho para ti também :)

x disse...

És tão bonito!

RM disse...

obrigada... mas acho que a beleza que vês em mim é, na verdade, a beleza que está em ti! :)

CL disse...

Saudade...quantas letras dela ainda mais vamos escrever?
Mais uma vez, excelente.

RM disse...

não sei bem, mas enquanto a sentir, vou pondo aqui, já que me custa um pouco mais demonstra-la no dia-a-dia...

de qualquer maneira, numa palavra tão nossa, que de resto não existe em mais nenhuma língua, acho que devemos aproveitar!

=)