sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Passaram sete anos, ou cinco. Não sei bem. Sei que no meu aluar de sentimentos, não a senti partir.

E agora, que chego ao fim da linha, com tudo o que escrevi sondar ser, sem nada o que sonhei ser .


chão por baixo de muros

um dia, cansamo-nos de lutar e, se nunca o tivermos feito, fica difícil explicar... esse cansaço, de vidas viciadas a mil à hora. uma fatia de ser, de esquerda ou de direita, que tanto pode ser chama sem batida, peito sem dúvida, olhar sem íris. assim como uma convulsão sem tremores, artifícios mais realistas que trovoadas, provocadas por céus nús.

Sou um macaco, maciço, de mãos na cara, a ver e a deixar a revolução passar. Quem me dera ter nascido não dois, apenas meio Pac, sem pactos e sem meias, todo ele calçado de extremo. -Valores éticos e morais, até morrer-.

Mas cresci em modo de sobrevivência, calando e matando tudo o que se inclina para incendiar algo num peito pisado .

Se a tua vida dependesse da minhá voz, provavelmente tornar-me-ia mudo de tanto tactear. Ventos sem sementes. 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Diário - Data desconhecida

"Sinto inveja dos deprimidos. Daquelas pessoas que choram o mundo, o tempo todo, por adentro. Para o mais atento, sou o cínico-mor. Aquele que não aceita a tristeza alheia, porque diz sentir todos e no fim, não faz nada. Mas a minha cabeça sussurra tudo, o que é preciso ser visto.

e eu recuso-me a sentir o que quer que seja, que esteja ligado ao material. comprado por lágrimas finitas. contudo num esférico banal.

Afinal, qual é o mal, ser-se igual, ao mais pequeno radical. Como te atreves, Doidices-meus, a julgares-te ateu. Não foi ele que te deu o céu, o mesmo que te prometeu?

Mas não divaguemos, o ponto é simples e prévio. Da tua boca só saem lábios que quero morder. Sábias pernas minhas, que postas nas mãos, chutaram e lutaram por desiludir tudo o que aquele puto um dia se atreveu a saber. E sonhar. de outras vidas, vividas sem vida. Aquela vendida.”

Diário - Data desconhecida

"É possível esquecer algo que, no passado, ainda não aconteceu? Será possível, ultrapassar um vento que corra à nossa frente?
Como podemos nós orar por um/a deus/a o/a qual nos negamos acreditar? Será este estreito terreno chamado caminho, um só, ou estarei eu a andar na zona perdida do milho?

São pontos de luz, vermelhos, blindados, hexágonos... aquilo que vejo quando me revejo nos espelhos dos meus olhos. acordo. Alvarás de montanhas quadrúpedeses, que me imprimem a mente. 

Faz meses que não durmo, que sonho tão intensamente, que me acordo encharcado de tanto respirar, e os músculos doem-me de tão te(n)sos... lutas travadas nas trevas paradas.
Acordo assim, no fim das minhas forcas, e vou trabalhar... Sempre mais que um digito, horas de trabalho com uma força de alguém - porque as minhas à muito que me deixaram. Nos últimos dias tenho viajado com uma obsessão. A última vez que pensei nisto acabei na Índia.


... 

Tudo isto me diz que dois mil e dezassete vai ser um ano zero, mais uma vez. Mas não tenho forças nem sequer pra chamar de bem vinda esta nova era, que tanto quero e canto.
deixa lá vir, essa sede de poço seco. talvez seja lava, aquilo que das profundezas transborde e me acorde para raios de luzes, escura.
Já passei por tantas relações, umas intensas e outras nem tanto, e em todas minto sem peso. Porque o faço e tento imaginar aquela que me fez um dia ver o mundo do avesso, cheio de estrelas, num inconsciente sem consciência. mesmo durante o dia, as cinco setas, viradas para fora, mostravam que há sim, algo monstruoso e lindo, no amor não correspondido. Eu sempre fui perito em falhar na paixão. Para mim sempre só houve amor. Puro. Platónico. E somos todos tolos, se pensarmos que dez ou quinze anos não são nada. São tudo, numa realidade paralela. e nada. nada deixa de existir, mas o nojo cresce. E eu deixo de ser desilusão consumada. sou-a desconjurada. Qual salto dos precipícios dos túneis malditos."

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Sabem o que é: pés nús, num chão gelado de música rompante, o coveiro lá fora a fazer tempo até à próxima manta .

Sim, é como ela diz: uma puta, nua e crua. É abstrairmo-nos de tanto, trabalharmos tanto, que nem mulas, para um amanhã que esperamos não chegar.

Fecha os olhos - e pára o rio com o teu grito de mãos nas fontes dessa cabeça seca.

De vez em quanto sou pedra cal, outras tantas água fura.

E ela percebe-me e mata-me e narra-me e odeia-me e ama-me e chora-me e canta-me e faz-me retornar, uma e outra vez. ao fundo do meu pico - de uma canção que começou e acabou, por ser paga a minha conta do seu lado mais selvagem - e perfeito .

Largaria hoje tudo, tudo . Por um copo de vinho numa varanda bacoca ou nos altos desvaneios de um chão qualquer numa das cozinhas deste mundo. 

sábado, 12 de novembro de 2016

A minha sobrinha nasceu. e eu tão feliz.

agora só choro, sozinho, a ver filmes piegas tipo o "Closer." coisas de homens grandes. certo.

E quando pensava que estava a cair no abismo, depois de seis anos de vivências intra-dimencionais e um salto abrupto em direcção a um vale sem fundo, ela chegou e salvou-me. por isso fica aqui um até já. ao blogue escuro do meu coração.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016


Bem vinda meu amor. Não há palavras para descrever aquilo que sinto por ti... é ver em ti desde já um mundo melhor, por tu fazeres parte dele!
Sim, amo-te incondicionalmente .

E é por isso que acredito em Deus. 

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Nós Trazemos na Alma uma Bomba

A causa depois do efeito. A minha tese é esta, minha querida – nós trazemos na alma uma bomba e o problema está em alguém fazer lume para a rebentar. Nós escolhemos ser santos ou heróis ou traidores ou cobardes e assim. O problema está em vir a haver ou não uma oportunidade para isso se manifestar. Nós fizemos uma escolha na eternidade. Mas quantos sabem o que escolheram? Alguns têm a sorte ou a desgraça de alguém fazer lume para rebentarem o que são, ver-se o que estava por baixo do que estava por cima. Mas outros vão para a cova na ignorância. Às vezes fazem ensaios porque a pressão interior é muito forte. Ou passam a vida à espera de um sinal, um indício elucidativo. Ou passam-na sem saberem que trazem a bomba na alma que às vezes ainda rebenta, mesmo já no cemitério. Ou quem diz bomba diz por exemplo uma flor para pormos num sorriso. Ou um penso para pormos num lanho. Mas não sabem. Agora pergunto – se escolheram a maldição e alguém faz lume, quem é culpado de ela rebentar? Como é que um tipo é culpado de trazer uma bomba na alma se foi outro que a fez explodir? E como é que é culpado o tipo que fez o lume, se a bomba não era dele? 


Vergílio Ferreira, in 'Em Nome da Terra' 

sábado, 23 de julho de 2016

Não se Pode Viver Assim!

Temos na natureza muitas coisas contra as quais lutar, mas há um inimigo pior que todos os furacões e terramotos, o próprio ser humano. A natureza com todos os seus vulcões, terramotos, furacões e inundações não causou tantos mortos como a humanidade causou a si própria. Lutas de toda a ordem: guerras religiosas, guerras de interesses materiais, guerras absolutamente absurdas e estúpidas, como as dinásticas. Não há um raio de luz – para pôr a questão assim – que dê na cabeça das pessoas e as faça perceber que não se pode viver assim! 

José Saramago, in 'A Capital (4 Nov 1995)' 

segunda-feira, 18 de julho de 2016



“In the gardens of memory. In the palace of dreams. That is where you and I will meet.”
-Hatter
“But a dream is not reality.”
-Alice
“Who’s to say which is which?”
-Hatter

terça-feira, 17 de maio de 2016



Estive a reler o meu Blog. E entre profecias concretizadas e palavras de gente grande, sinto que envelheci seis mil anos.

Mas as lembranças são boas, as amarguras minhas foram escolhas, vivo e convivo com elas.

Por isso sim, daqui a duas semanas tenho que ir, uma vez mais, de viagem.

Norte de África, Tailândia, México. Tudo isto está em cima da mesa e daqui a uns dias decido.

As muitas cidades de Itália foram lindas, mas desta vez preciso de sorrisos, palavras desconhecidas, noites perdidas.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Estou perto, dentro de um caos maior que uma Supernova, de aprender a ser em paz. 
Quanto 
tempo irá durar este semi-silencio. Está tudo na nossa cabeça, uma vida, mil vidas, misturadas entre desgostos, mortes em duelos, de costas voltadas, a caminhar em direção ao pinhal. Todo ele em chamas, um tornar, cento e oitenta graus, um tiro - a vida foi-se, mas a morte ficou - não existe. Por isso bate, bate-me, sem parar, um coração em busca de sangue, de oxigénio, do canto de um pulsar, de um tomar, o dito pelo não dito. Amar.

A ineptidão da vida, a sua finitude, atormenta-me mais e mais. Por um lado rio . mais do que nunca. Por outro um mar de lágrimas. Sem coerência no gritar, prefiro não escutar. Escrever é bem mais fácil, música, quarto escuro, cama. O Baixo em tons demasiado altos - para ouvir sem recear o vizinho. Acordar.

Que riscos valem a pena correr, que filhos ter, que sementes plantar, que legado deixar. Não há grandeza altruísta que justifique encher o peito. Tenho dois diabos mascarados de inimigos um do outro. Na verdade, conhecem-se melhor do que ninguém. Um diz, Cresce. O outro, Nunca serás grande o suficiente para amadurecer. De podre já caíram a maior parte das minhas tristezas. Só me falta germinar.

Na verdade sou profundamente triste, por me sentir tão feliz, tão indiferente. Todas as dores dos meus parecem-me inúteis, pré-concebidas, sem medidas. Um rasgo nas calcas, de tanto cair, faz-me querer despir, andar nú. Mas se todos os tolos fossem reis, teria eu a coroa maior?
Falta-me empatia para querer reger um reino de loucos.

Haverá alguma construção social, que nos faça sentir abrigados. Algo, que nos faça querer crer. Religião é um ladrão, um monstro escuro, mascarado de luz, escondido em livros negros, mas isso são panos para mais mangas. Ou calcas, rasgadas. De tanto correr, cair, cozer, fugir.

Então o que sobra? 
A esperança, de numa realidade paralela, a coragem, a ausência da chantagem, da desvantagem, à sua imagem. Feitos para errar, eu descobri que estou aqui para nascer, e depois morrer. No meio há o haver, sem sentido de ser. Ser.

P.S.: Desde janeiro que trabalho com rapazes refugiados. Tomo conta deles, ajudo-lhes nos trabalhos de casa, como e brinco com eles. Mas principalmente falo de bola, eles adoram bola, que substituí o Sol, que aqui é tímido. São miúdos menores de idade que chegam à Europa sem família e sonham com uma vida melhor. Sem o barulho dos fogos de artificio. Trazem estórias de superação que me tiram o ar. Este trabalho tem-me dado uma luz interior que pensava ter perdido à muito. E mesmo que por vezes lhe cuspa de raiva, continuo a acreditar que existe um Deus, feito apenas de luz, que nos conduz. E é por isso que todas as noites, ao me deitar, agradeço. Os pedidos deixo para quem realmente precisa. Perdidos no mar.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

doce


Com esta teoria de um tal de "Umcalhau" confirmada, dei por mim ás voltas nas ondas, onde pensava já navegar não à quase uma década. lembro-me que na altura o mundo era plano e redondo, em vibração e calmo, onde tudo era possível e ao mesmo tempo cheio de ocos actos.

O destino tinha para nós reservado, algo de impensável e saboroso. Aquele iogurte de baunilha que passou do prazo faz tempo, no fundo do frio, mas que nós mesmo assim provamos, porque todos sabem que iogurtes duram e duram. Mas por mais boa vontade que os germes tenham, e as bactérias insistam.

O tempo não pára. Ou andas para a frente, ou para trás. mas parar não pára, segue, qual comboio inglês, algures na Índia. reparado aqui e ali, até ser completamente substituído, apesar de na superfície parecer o mesmo.

Queria eu ter um relógio religioso, que apontasse sempre para o meio dia. E eu sempre com a esperança que a praia estivesse perto, uma cabana, um pequeno café, gentes interessantes com quem conversar, fora de um turismo montanha.

Encontrei isso em Goa, pouco antes de voltar daquela que foi a viagem da minha vida. Por isso voltei com tamanho optimismo, apesar daquilo que vi, e aquilo que escrevi naquele diário esquisito.

O Nepal foi diferente, Israel um abrir de olhos, Egito serviu mais para confirmar preconceitos.

Itália foi uma viagem a ver a moderna materialidade e o perigo a todo o instante -de ficar preso neste mundo- porque a beleza superficial das ruas, da arte, das mulheres, dos bares, da boémia, do vinho, é deveras bello. No fim, foi a viagem feita sozinho, num carro e bicicleta, que me prendeu ao ser que sou, mesmo que magnetizado pelas grandes cidades e pelas lindas aldeias, os grandes castelos em forma de igrejas, os bares cheios até madrugada, possíveis romances que deixei de lado. Tudo isso fez-me gostar do luxo que é viver ao sabor do cifrão. E ter a certeza que não é para mim. Que alivio.

Tudo isso é tão longe de uma conversa de almas no chão, na varanda, sem vozes, gritos de ciúmes e ódio, amores sem qualquer forma de se realizarem, qual Hancock a ver a alma gémea morrer. O vinho pode ficar. Assim como as madrugadas.

Mas estou a fugir ao assunto: tentei morrer durante uns anos, na esperança de um novo eu nascer. Feliz por não ter que viver rodeado de nuvens negras, cães enormes, rodeado de crianças nos cantos de um quarto escuro. sou eu o sou, e durante muito tempo, fui o eu. Cheio de Karma, sem destino, criado por crias, cantado aos ventos de um deus, que me visita de vez em quando e dizia: eu não estou aqui. Qual criador, que faz a diferença entre sobre e o viver.

No fundo, quis ser monge durante seis anos ela segurou-me, prendeu-me à terra, disse: fica.. e eu fiquei, como a matemática se sente atraída pelos números. Na verdade, disfarça-se de oito deitado, para momentos de faz-de-conta. Depois há o amor, que fica sempre. Apesar de eu não acreditar que existe, é isso que fica: O faz-de-conta que a matemática resolve tudo, separadamente. no fim, vêm ondas quânticas e misturam tudo, espírito e corpo.

Se achas que a areia da praia é linda, nunca viste um verdadeiro calhau. A fonte desgraduada, em forma de gigantes, antes de morrerem. Para algo maravilhoso.

Ainda que o tempo não pare. Ou anda para trás, ou anda para a frente. E eu aqui: à espera da onda perfeita,  voar  pelos oceanos, à procura da tempestade perfeita.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Fui passar o fim do ano com amigos, passei 6 horas num carro. No caminho dei boleia a uma pessoa que vive em Espanha. Estava a ir para casa na Lituânia passar uma semana com a família, quando o carro estragou. Acabamos por falar por horas e levei-o bem além do planeado. Queria o destino que tivesse um Jipe em África. E pela noite adentro acabou por me convidar. E eu disse: sim - Desde então temos vindo a planear. O meu primeiro continente portanto será África. E depois logo se verá.

O que eu sei é:

Chega de tristezas. Realizei um sonho, vivo como treinador e amo o que faço. Agora, já não gasto dinheiro em quase nada e o plano começa a ganhar contornos lindos. Sei que vai ser assim, o peito bate, o brilho do mundo voltou. E o medo desapareceu. Sim, é isto a vida. Pelo menos um ano, a partir de Agosto. Em cada linha planeada, um suspiro de alívio.

E de um dia para o outro, o apreciar da neve nas árvores, a beleza das pedras bicudas. A vida, chama por mim.

Sim, era ser feliz a matriz.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Heart of Gold

I hate

mainstream

and then again, I hear to these shitty songs and...

 

"I can be strong when I want to be,
You think I'm weak cause you can tear me apart with the words that you speak
You think you're in control
But you don't understand how much you're wrong
You choose to lash out at me, I've done nothing wrong
All you crave is attention and just to be loved
You need to be loved

And I want to be free
When my heart is made from gold
And forgiveness seems too bold
I still find it in my heart
To say "I love you"
When my heart is made from gold
And the hurt is just too bold
I still find it in my heart
To say "I love you"

Is there not enough to use your love for me
To get past the things who cause you envy and hate
And the fights that they bring
You say you're looked on as small
Can't understand why you don't have it all
But you don't know how I fight for you and believe in your aims
I just wanna do right by you, forget what has changed
'Cause nothing is changed

And I want to be free
When my heart is made from gold
And forgiveness seems too bold
I still find it in my heart
To say "I love you"
When my heart is made from gold
And the hurt is just too bold
I still find it in my heart
To say "I love you"

But you have to be so mean
You're such a drama queen
The way you prey on every weakness that you see in me
To make you strong, you are alone
So don't pretend like you can hardly breathe
Like it's down to me
'Cause it's so unfair that you can't succeed, but you're so wrong
We're still so young

And I want to be free
When my heart is made from gold
And forgiveness seems too bold
I still find it in my heart
To say "I love you"
When my heart is made from gold
And the hurt is just too bold
I still find it in my heart
To say "I love you""