terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Passei entre eles estrangeiro porém nenhum viu que eu o era. Vivi entre eles espião, e ninguém, nem eu, suspeitou que eu o fosse. Todos me tinham por parente: nenhum sabia que me haviam trocado à nascença. Assim fui igual aos outros sem semelhança, irmão de todos sem ser família.
Vinha de prodigiosas terras, de paisagens melhores que a vida, mas das terras nunca falei, senão comigo, e das paisagens, vistas se sonhava, nunca lhes dei notícia. Meus passos eram como os deles nos soalhos e nas lajes, mas o meu coração estava longe, ainda que batesse perto, senhor falso de um corpo desterrado e estranho.
Ninguém me conheceu sob a máscara da igualha, nem soube nunca que era máscara, porque ninguém sabia que neste mundo há mascarados. Ninguém supôs que ao pé de mim estivesse sempre outro, que afinal era eu. Julgaram-me sempre idêntico a mim.
Abrigaram-me as suas casas, as suas mãos apertaram a minha, viram-me passar na rua como se eu lá estivesse; mas quem sou não esteve nunca naquelas salas, quem vivo não tem mãos que os outros apertem, quem me conheço não tem ruas por onde passe, a não ser que sejam todas as ruas, nem que nelas o veja, a não ser que ele mesmo seja todos os outros.
Vivemos todos longínquos e anónimos; disfarçados, sofremos desconhecidos. A uns, porém, esta distância entre um ser e ele mesmo nunca se revela; para outros é de vez em quando iluminada, de horror ou de mágoa, por um relâmpago sem limites; mas outros ainda é essa a dolorosa constância e quotidianidade da vida.
Saber bem que quem somos não é connosco, que o que pensamos ou sentimos é sempre uma tradução, que o que queremos o não quisemos, nem porventura alguém o quis - saber tudo isto a cada minuto, sentir tudo isto em cada sentimento, não será isto ser estrangeiro na própria alma, exilado nas próprias sensações?
Mas a máscara, que estive fitando inerte, que falava à esquina com um homem sem máscara nesta noite de fim de Carnaval, por fim estendeu a mão e se despediu rindo. O homem natural seguiu à esquerda, pela travessa a cuja esquina estava. A máscara - dominó sem graça - caminhou em frente, afastando-se entre sombras e acasos de luzes, numa despedida definitiva e alheia ao que eu estava pensando. Só então reparei que havia mais na rua que os candeeiros acesos, e, a turvar onde eles não estavam, um lugar vago, oculto, mudo, cheio de nada como a vida...
"
Livro do Desassossego, Bernardo Soares
terça-feira, 3 de novembro de 2009
E por isso vou deixando de partilhar sonhos, vivencias, crencas. Continuo a ser quem sou, mas para quem me conhece. Nao por ser egoísta,. precisamente por acreditar que nalguma parte do nao saber vive a felicidade. E depois de tantos erros, vou errando menos.
E acreditando que os sorrisos podem ser feitos de gestos, muito mais do que de palavras.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
terça-feira, 28 de julho de 2009
Acabo por acreditar que não tenho jeito nenhum para a escrita. Sou analfabeto, portanto.
Tenho a certeza, no entanto, que muito boa-gente, ao ler isto, irá pensar que eu estaria apenas a pedir umas palmadinhas nas costas -Tens jeito tens, e muito, até.
Pois é, mentira. Não tenho jeito nenhum para escrever e: ainda bem, porque se tivesse talvez pensasse em tornar-me escritor. Um escritor analfabeto, já imaginaram isso. Arranjava um trabalho, passava dez ou vinte anos a fazer escrita-da-treta e a ler mil e um livros. A partir daí, dedicava-me á escrita. Pois bem, a verdade é que acho que não tenho jeito nenhum para escrever e ainda bem. A cada dia que passa, tento fazê-la com a menor qualidade possível. Costumava lutar com cada palavra, misturava-a, mudava-a, encarnava-a, até a considerar perfeita. Isto num texto com miles de palavras. Até voltar a ler e perceber que afinal, o texto não passava de um texto. Vulgar. E pensei para mim que o mundo é como algumas escritas, vão ou verdadeiro. E há aqueles que estão no meio. Isto de andar em extremos cansa.
O problema é que toda a gente (fora os analfabetos), sabe escrever. eu acabei por me imaginar que para se ser escritor, é preciso sofrer. Nada de novo, portanto. Porém, trazer o peso do mundo às costas, para que o que saí nas entrelinhas seja aquilo que não nos é possível descrever, custa-me. E custa-me tanto chorar nas meias-letras, que dou por mim a agradecer a deus por ser analfabeto e, não saber escrever.
De qualquer maneira, sei algumas palavras, que me saem pelos olhos mais do que pelo resto do corpo, e para o caso de passar por mim um sorriso gigante a tentar abraçar-me, escrevo-lhe uma carta -e digo-lhe qualquer coisa- .
(30/03/2009)
segunda-feira, 27 de julho de 2009
terça-feira, 21 de julho de 2009
Dói-me os músculos todos, dos pés aos denotes do cérebro. Agarro-me ao vento, com a esperança que me leve para sul, lá no norte das nossas almas. Onde olho para cima e vejo o que me está preso cá dentro. Tenho as mãos dadas à distância, tentando lembrar o gosto de um sorriso, só por estar. Esta ânsia, que renova a melodia de toda uma infância. Acabo por descobrir que não sou só eu a viajar, todas as noites, quando o sono não chega. Não são só insónias, são paredes pré-armadas de imagens, aviões que param de paragem em paragem para despejar passageiro indesejados. Terroristas sem intenção, levados ao limite p'la falta das linhas -de compreensão-.
Alguma vez, de todas as vezes que o fizeram, sentiram que viviam num sonho, numa fantasia de armas apontadas ao céu, declarando o fim de guerras interiores, comparadas a vozes de deuses, cobertos por véus.
O que tenho em mim são mais que sementes, e menos que árvores, são florestas de luas, de sonhos e fantasias, que me fazem correr e cansar, até me doerem os músculos todos, dos pés aos denotes do cérebro. Até chegar ao cume de neve. de uma montanha de rosas. no deserto.
sábado, 11 de julho de 2009
"
Its not time to make a change,
Just relax, take it easy.
Youre still young, thats your fault,
Theres so much you have to know.
Find a girl, settle down,
If you want you can marry.
Look at me, I am old, but Im happy.
I was once like you are now, and I know that its not easy,
To be calm when youve found something going on.
But take your time, think a lot,
Why, think of everything youve got.
For you will still be here tomorrow, but your dreams may not.
How can I try to explain, when I do he turns away again. Its always been the same, same old story. From the moment I could talk I was ordered to listen. Now theres a way and I know that I have to go away. I know I have to go. All the times that I cried, keeping all the things I knew inside, Its hard, but its harder to ignore it. If they were right, Id agree, but its them you know not me. Now theres a way and I know that I have to go away. I know I have to go.
"
Cat Stevens
sexta-feira, 26 de junho de 2009
sexta-feira, 12 de junho de 2009
" Eu vi um menino correndo
Eu vi o tempo
Brincando ao redor
Do caminho daquele menino...
Eu pus os meus pés no riacho
E acho que nunca os tirei
O sol ainda brilha na estrada
E eu nunca passei...
Eu vi a mulher preparando
Outra pessoa
O tempo parou prá eu olhar
Para aquela barriga
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol me ensinou
O sol que atravessa essa estrada
Que nunca passou...
Por isso uma força
Me leva a cantar
Por isso essa força
Estranha no ar
Por isso é que eu canto
Não posso parar
Por isso essa voz tamanha...
Eu vi muitos cabelos brancos
Na fonte do artista
O tempo não pára e no entanto
Ele nunca envelhece...
Aquele que conhece o jogo
Do fogo das coisas que são
É o sol, é o tempo, é a estrada
É o pé e é o chão...
Eu vi muitos homens brigando
Ouvi seus gritos
Estive no fundo de cada
Vontade encoberta
E a coisa mais certa
De todas as coisas
Não vale um caminho sob o sol
E o sol sobre a estrada
É o sol sobre a estrada
É o sol...
Por isso uma força
Me leva a cantar
Por isso essa força
Estranha no ar
Por isso é que eu canto
Não posso parar
Por isso essa voz, essa voz "
Composição: Caetano Veloso
sábado, 6 de junho de 2009
...
"Que tenho eu com a vida."
Bernardo Soares, in Livro do Desassossego.
sábado, 30 de maio de 2009
E ela vai e vem, ao sabor do vento. Vem de mansinho, apenas para não se deixar pousar e desrespirar.
Dá-me que falar, que pensar e principalmente, que sentir. E só por isso, vale a pena saber por onde venho. Sobre as montanhas da alma, cobre-nos a calma, da certeza de ser. Mesmo que não sabendo bem o quê., Somos. desdobra-me um sorriso, quando aquilo a que chamamos de fado se me ao ouvido suspira. Dizer que está presente, mesmo no exacto momento em que vemos o negro café forçar-nos dormir. Como que uma mão, ateia, agarrada ao terço.
Se será desta ou não, nem posso querer crer. O tempo passa e aproxima-se aquilo a que espero que seja o inicio do fim de uma viagem que à muito prometeu acabar, mas que sei, apenas começará quando der a volta e voltar a estar.
Aí.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Sem nada dizer, chega, olha-a e vai-se.
O mundo está gasto demais para se poder sentir sem se sorrir. A escolha paira em si, mas torna-se difícil e o que hoje é, amanha torna a forma da maré. Vazia.
A mensagem que transporta nas suas veias está muito para além daquilo que pode ou consegue compreender. Será que algum dia perceberá o significado de uma vida sem sentido, se não se deixar partir. Sem tentar vem a decadência. Paciência, ao menos ainda não deixou . de sentir.
Do que tem mais medo é de querer sentir tudo, a todo o momento, na palma da mão. Qual perfume feito de odor humano, ou espelho de Gray. Para afastar o Negro cão que desafia a lei.
É o medo que o impede de sentir tudo, e ainda bem. Espera conseguir manter a felicidade que o invade cada vez que lê um romance,
-Epá tens que deixar de ler isso
e acena. Porque acha que é verdade.
Mas de densidade em densidade são as folhas levianas da superficialidade de sentimentos profundos que o fazem continuar a acreditar. Agradece por encontrar quando o momento chega, para o ajudar a esperançar.
Duas salas e eu no corredor, com a certeza que quero ir para aquela onde o vazio é cheio de sentimentos que me preenchem. Viagem ao centro da terra, sem bilhete, vou à boleia. A sala contrária está cheia de barulho, risos confundidos com choros. Brigas com abraços, beijos e mordidelas, branco nas paredes e cores nas gentes. Quero um pouco disso também. E, apesar de não ter as chaves, ando ás rodas, para a frente e para trás, até a encontrar. Pode ser que venha aqui ter.
Ainda assim, acho que ainda acredito
em milagres .
domingo, 19 de abril de 2009
São trampolim de desilusões, cambalhotas de sensações, mais ou menos levadas ao extremo dos mexilhões. Agarra-te bem -ao chão-, que eles são bem mais que trapalhões. Mexem, mexem e mexem, até encontrarem algo com o que brincar.
Será pecado chorar? Se for, peço por uma desculpa urgente para me benzer. Mesmo sem acreditar.
Tenho a lupa no céu, em forma de conselheiro. Um pirilampo ao ouvido transformado em luz de fundo. Que formigueiro. Pouco mais temos a oferecer que o resto de nós, e ele constrói-se a sós. Não precisa de voz ou dedos d'avós.. Na verdade, não precisa de nada. Faz-se de pós. Sem antes.
Visto que o dado foi lançado, meio-jogo meio-granada, mergulho no destino do fado. Guarda-me por mim, este sentimento -por ti-, pois vejo-te afastar com a mão esticada, a esperar esperar.
-Ajudas-me a respirar?-
Pergunto-te
Ajuntando a tua boca à minha, na esperança que a respiração neste mar de gente inlouca me deixe
-sem ar-.
Toca-me. Toca-me de mansinho, faz-me acordar. Se tudo isto for um sonho, deixa-me continuar a palpitar. Que este coração qualquer dia apercebe-se e mete-se praí a voar.
Deixa-te encontrar, eu prometo que fujo apenas para não te assustar. Mais do que aquilo que já estava, procuro justiça no meio disto tudo, e sem querer comprometo-me a ficar. E fujo, para não te assustar. Ficava aqui, ali, aí contigo. Bastava apenas um tom, mas o volume estava no mínimo e as palavras saíram sem som. Aqui estou, a tentar aprender mímica. Não percebo nada, fico, num olhar vazio, a brilhar. Um dia deste aprendo-me, agarro-te, e nunca mais te deixo cair. Prometo.
Até
sábado, 28 de março de 2009
"If You're Out There"Em momentos tensos
Lembro-me de futuros imensos
Sentimentos mostrando lenços
Brancos -Voz do povo-
Procurando aceitação
Na verdade precisamos apenas duma canção
Algo que nos mostre a direcção
De um -começar de novo-
Parte a vez do comboio das cinco
E correndo vamos nós
Na esperança de uma terra nova
Uma vida sem tentação nem cova
Apenas luz sem túnel e afinco
Um sentimento de esperança após
.
terça-feira, 24 de março de 2009
Luta. Esta batalha diária de agradecer por tudo aquilo que tenho e a falta; de algo que tive e me faz tanta falta. O carinho, aquele carinho é na verdade, o que me faz mais falta. Apesar de aqui ter o dela, da família, como que o reacender de uma vela. Mas esta cera já está tão desperta, que o coração se me aperta, cada vez que vejo o tal filme ou oiço a tal música, numa rua deserta. As minhas sobrinhas, uma em África, outra em Lisboa. O meu sobrinho, cheio de força e a certeza que voa. As lágrimas ao deitar, porque por mais que me sinta feliz de dia, é à noite que me deixo aguarelar.
As noites sem fim, passadas na rua, no café ou no jardim. Perto de vocês, perto de mim. Conheci-vos agora mesmo e no entanto já passaram três anos. Para mim, três décadas, em que o mundo pára e o tempo acelera. sentados na estrada, de uma rua qualquer. As tais escadas, que se tornaram o refúgio ao anoitecer. As mil e uma esplanadas, que na verdade foram só meia dúzia, misturando as conversas da treta com assuntos de etiqueta.
As minhas manas, perfeitas como são. Por mais erros que façam, têm um amor que transcendem qualquer coisa que se faça,. para os seus - sem um senão-.
Espero todos os dias por um milagre, e riu-me . Sozinho. Aqui é primavera e hoje passei a manha na sala a olhar para a janela. Neva. Flocos pálidos, com medo de cair, tão quente que está o chão, das caminhadas em tom ameaçador e ladrão. Ri-se, o tema era uns daqueles testes psicológicos. Em que se explica aquilo que somos. Ela ciumenta de morrer, não dá espaço para um passeio a sós, nem sequer a casa dos avós. Eu, afasto as pessoas com medo de ser magoado, qual egoísmo desmesurado. E ri-se. Parece que se identifica, diz que os opostos se atraem de certeza. Não sei bem porque mas prefere falar inglês, vai na volta os outros não falam e assim a conversa fica só entre nós . e apesar de outros comentarem a sua beleza, olho para ela e imagino - a incerteza de ser levada a pensar por si, um discussão de vez em quando e a certeza que não, até porque ela acredita nestes testes e segundo eles, prefere calar a dizer o que pensa: Não vá eu acha-la feia por pensar. Eu, espero que o tempo passe, a neve a encaracolar.
What? - I said you are always away and yet... Anyway, do you wanna hang out after the class? - Sorry, I can't.
Por algum motivo, cada dia mais penso: quanto mais difícil for um homem achar uma mulher bonita, apenas por ela o ser, mais essa mulher bonita se torna. A insegurança vai-se, e a certeza que a beleza interior é muito mais importante torna-se o caminho de uma viagem distante. Á espera de um bilhete de papel cortante. Mas a recompensa, a alegria de ver o mundo sem olhos dados.
De rompante .
sexta-feira, 20 de março de 2009
É tudo o que tenho antes de mergulhar nesta imensidão de musas feitas à mão. E fio.
Um toque ali, outro retoque acolá e, já está. O mundo perfeito, assim como eu queria. Exactamente assim, sem menos mas sempre disposto a mais.
E nos sorrisos gargalhadas, o alento para um dia de vento, por dentro. Da tempestade fica a deixa de pegadas a desvanecerem-se. No mar. A vontade de tocar no fundo, e no suspiro a levantar a areia que se assentou, quando um outro por ali sorriu. E suspirou
-Vem sonhar comigo, que enquanto quiseres, serei teu amigo-.
-Somos a primeira época-estudante em matéria de “fantasias”-
Nietzsche
terça-feira, 17 de março de 2009
a Voz
Porque -como é óbvio- tenho que aprender, mas apesar de os olhos se habituarem ao escuro, nunca serei como uma lanterna: e fazer-te ver o que está mesmo à tua frente
-e que tu não queres ver-.
Mas está escuro, tão escuro. e apesar de eu estar à tempo -de-mais neste buraco, os meus olhos continuam fechados, porque sim, porque não. Não os quero habituar à escuridão, nem sequer aos bichos que por aí vagueiam. Sem senão.
Por isso vou vivendo, de manhã amanhecendo, de noite, ascendendo. Sou de-dia noite e toda a cidade vista sem afoite.
Não se esqueçam de mim
-quando partirem em busca de outros horizontes- .
Onde a noite é amena e os raios-meios com a tarde serena. Se não é pena, é um arrepender, de uma vida ainda não vivida. Á espera de ser lembrada, mantém-se esquecida
-até algum se atrever a pensar-
que os olhos são feitos para sorrir e as lágrimas para temperar , a boca açucarada ao colorir.
Está a amanhecer e no meu calendário já se fazem horas, de adormecer. E de dia voltar ao mundo onde falta sonhar.
sábado, 14 de março de 2009
São rajadas de trovões
Pedaços de silicose agarrados a cordões
Estremecimentos nas janelas
Quando granizo vem ranger as velas
Estão marcadas, e espero por elas com tanta ansiedade que quase me falta o ar -à noite- quando me deito na varanda a ver as estrelas brilhar. Como tudo, na imaginação é que está a verdadeira viagem, e apesar de saber que quase nada supera o sonho, tenho a impressão que é desta que me sobreponho.
Reino Unido - Holanda - Alemanha - Bósnia-Herzegovina - Croácia - Sérvia e Montenegro - Grécia -Itália - Franca - Espanha e Portugal
e tudo isto em 30 dias . Ou melhor 31, pois em princípio será em Agosto.
portanto sim, por estes dias estou feliz.
quinta-feira, 12 de março de 2009
sábado, 7 de março de 2009
Momentos. Sou apenas mais alguém que se lembrou que o mundo era mais que uma laranja a girar. Uma laranja não, uma uva. Agarrada ao cacho, com outras uvas. E as gentes -somos a única uva nesta vindima. E o terreno cheio de cachos.
Se não é a música, são os filmes. E os livros. E olho à volta, e a vontade de viver é tão grande e a minha ainda maior. Quando crescer vou ser astronauta. Quem é que já não sonhou ser astronauta. Mas a minha dúvida sempre foi outra. Ver a terra tão pequena e conseguir ter todos os sentimentos menos pena. Sim, é verdade, apaixono-me todos os dias. Por ti. E vou-me apaixonando por outras, todos os dias. E odeio-te. Porque não és como as outras, não estou além de ti. Por mais que me perdesse em ti, por mais que caísse nunca chegaria ao fim. Até chegar ao ponto que via que nunca tinha chegado a cair, estava ali, deitado, a teu lado. E depois oiço vozes e tenho a certeza que é a tua. Vejo caras e os teus olhos, gargalhadas que tenho a certeza serem tuas. E olho para trás, na incerteza se por acaso não vieste cá ter. Pois claro que não, o teu planeta é outro, eu vivo numa uva e tu numa laranja.
O verão quase a chegar e o tremor de ir.
E dizer
- cheguei. Vamos beber café.
quarta-feira, 4 de março de 2009
Vejo-me por aí, talvez mais do que é normal, menos do que seria de esperar. É olhar para lá do que se vê, não fosse o macaco bem mais esperto do que o leão, apesar da sua fama de resmungão. O horizonte já ali e agente à espera que as caravelas cheguem, para mostrar quem viajou, viu e agora conta o que gostou. O menos bom ficou por lá, apenas aquilo veio, o que os faz sorrir, ao recordar.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
E a dificuldade de ler - não é preguiça . É mesmo uma dificuldade, por ter medo que em cada linha veja a minha vida, a passar e eu a tentar agarra-la. Não te vás já, ainda tenho tanto para fazer. Os planos para o verão todos feitos, mas nada de dizer para onde nem como nem porquê - dá azar -
É óbvio que se eu tivesse um filho lhe dava tudo o que ele me pedisse.
É óbvio que não lhe dava tudo,... quase tudo. Dava-lhe amor.
Sempre ouvi dizer que amor é tudo.
Por isso sim, dava-lhe amor e ele todo contente, por eu lhe dar amor.
- Pai, não preciso de mais nada, desde que me continues a dar amor.
Toda a gente sabe que as crianças nos obedecem porque nós lhe damos amor.
Claro que não o dizem assim
- Pai, não preciso de mais nada, desde que me continues a dar amor.
Mas dizem, quando olham para nós, dizem-no.
!Sim, há pais que batem nos filhos, e eles obedecem, mas esses não contam. Porque toda a gente sabe que quando eles crescem e já não tem medo do Pai mauzão, deixam de obedecer.
Mas se é tão óbvio, porque que eu cheguei a um ponto em que deixei de acreditar naqueles que não fazem mais que espreguiçar, bocejar,
- a disfarçar -
- O quê, estavas a falar comigo? desculpa não ouvi.
Repararam na parte em que ninguém pergunta
- O que foi que disseste?
Sim, alguns perguntam, e ainda bem.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Enquanto procura por um lugar para descansar.
Viver sem sentimento não é viver, é escurecer. Por isso faço por ver de forma nítida e clara - a clareia do mundo, em que certas não são mais que cobertas, da mesma forma que as ruas desertas não representam mais que casas completas. De gentes está o purgatório feito, menos que as consequências de escólios cortejos. Se te contrasto com almejos, a única certeza é a de que a verdade se esconde por entre os empregos. E a vontade se esconde por entre palavras de apredejo.
Ich habe vieles in meiner leben bis heute gemacht. Vieles auch gelernt, aber wenn ich auf Deutsch schreibe, es ist wie wenn man wieder geboren wird. Dass bin nicht ich, sondern jemand der denke und lebt weil es so ist. Denken und fühlen ist nicht dabei, weil niemand dich sieht. Und du lebst weiter, ohne zu wissen ob es Wirklich gibt, was wir als normal nennen. Ich rufe dich. Du hörst aber denkst nicht an antworten, weil du es nicht glaubst.
"Es ist komisch. Du redest nur wenn du etwas zu sagen hast." Sagt. So hab ich es mir entschieden... es bringt nicht wenn wir nichts zu sagen haben und wenn mann nicht darüber denkt, um nur ins geprescht zu sein.
Aber heute, bin ich zufrieden. Es kann sein dass es morgen auch so ist. Ich hoffe dass du bleibst, auch wenn du gar nicht mehr da bist.
sábado, 21 de fevereiro de 2009
O café está quase pronto. Contrariando a lógica, pede café à noite para o ajudar a dormir, apesar de saber que bebendo-o ou não, são outros os sabores que o impedem de dormir. À noite.
Porque voltas-te. Não sei bem, mas espero que tu, já que o perguntas, saibas. Vejo por estes olhos, ando e vagueio, mas até os pensamentos parecem seres de outra - alma -
Sento-me ao balcão, acabado de mais um dia de desilusão, para os tais quinze dias de ilusão. Em Agosto. Outros quinze em Dezembro. Há espera que o tempo passe. Evito pensar, ou melhor, evito pensar em pensar. Por isso vagueio, com estes pés que não são meus, e olho, com estes olhos a-teus.
É um tiro prestes a chegar ao alvo, ultrapassando-o. Deixando agora o alvo passando o destino. E continua. Quem acredita no Karma diria que continuará até ter percorrido a missão que a fez, em primeira mão, sair da dita arma.
Uma pena, solta agora do pássaro. O que outrora fazia parte de uma missão, ajudar a voar, deixou de fazer sentido. Então luta, para se manter no ar, tanto quanto pode, porque quando poisar deixará de ter propósito.
- Será -
Por falar em propósito, o café está a ficar frio, e como é óbvio, ninguém gosta de café frio. Eu até gosto, mas como a maior parte não gosta, não sou eu que o vou dizer. Não vá o monstrinho tece-las.
Se bem me recordo, os dias que me senti mais em casa -Na sala de aulas do primeiro ano. Na piscina de bolas. No quarto da residência para estudantes número dois. Na sala de convivo da residência número três. Na casa dela, ou melhor, no sofá dela. No telhado dum prédio onde costumava viver. Nas escadas de uma escola, no vão de um prédio qualquer. Na esplanada de um café. Num dos carros, à noite. Num estádio de futebol - obrigada João - Nos braços da minha irmã., a mais nova. No futuro, fora deste mundo, dentro de mim.
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Planto as chaves do meu diário, no meu quintal, na esperança que um dia nasça um outro eu, vivido das minhas lembranças, mas com a possibilidade de tudo, sem ter que passar pelo escuro. Não, não tenho medo, aliás, de momento não tenho nada, ao mesmo tempo que procuro por tudo. Tenho te a ti e em alguns dias começo a escrever nesta nova língua para que me saibas de cor. Percorro o rio que me percorre por dentro da cidade, encontro o sentido de toda uma certa ansiedade. Sempre esta comichão, este formigueiro, por dentro e sem rodeio. Primeiro um, depois outro. Voltas ao redor desta minha incerteza, abraço-te e vou-me. Volto e beijo-te. Para não te deixar. De vez. Prometo voltar, mas não posso comprometer-me. A qualquer um sentimento, quando me falta o essencial por dentro. E repito-me. Passo na rua e as pessoas com pressa, para chegarem, logo eu, que chego sempre atrasado. Será para ser notado. Será por, na verdade, preferir ficar sem que me vejam afundar. Mas vou-me. Não olhem para mim, não me escutem os olhos, não me digam que me compreendem. Nem sequer me tentem abraçar, nem beijar, porque se eu não voltar, é porque planeio tentar. Ser, estar, sentir. Com tudo por dentro, sem nada que me complanei por fora, vou. E em busca da felicidade estou, conspirando por tudo, a que tenho direito. E neste caminho encontro-te e, apesar de não me perceberes, quando escrevo, vou-te traduzindo o meu eu. Se nem eu em português faço sentido, e tu ris-te, porque já me conheces muito antes daquilo que foi escrito em mim. E por aí, e por ti, e em ti, sonho.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Peço.
-por erros que ainda não cometes-te-
Peço por força para não chorar pelas traições que ainda não começas-te.
Peço por virtudes do meu ser que ainda não conheço, que te façam sorrir e ficar.
Por aqui.
Peço, acima de tudo, que não busques noutrém aquilo que não te consigo dar.
Peço que te contentes com aquilo que sou, mas que me incentives a mais.
Peço o teu corpo inteiro
Mas acima de tudo, peço-te a alma.
Peço que não me peças nunca por nada.
Mas que me exijas tudo aquilo a que tens direito
-porque eu-
eu espero apenas por ti.
Por fim, peço que me dês a mão para nunca mais a largares .
Sim, Peço
domingo, 1 de fevereiro de 2009
E mesmo que a voz esteja apenas na nossa cabeça, ela torna-se realidade -a nossa verdade-. Basta querer, e tudo o que queiramos que seja -pode ser-. As minhas mãos estão a ferver, apesar da neve, do frio. Inclino-me para a frente, pego nesta coisa branca que teima em cair. Faz-me voltar à terra. As mãos esfriam-se. Sinto. Estou vivo. Nem que seja por este momento apenas, estou vivo. Viver no meio, sem que sinta aquilo que creio ser o ser. Do céu azul às colchas da minha cama, das fotos na parede ao cd a tocar. Sinto os tons a sair, levanto as mãos, para os tocar -e toco-os- e eles não fogem, hoje não. Os arrepios constantes, as pálpebras distantes. Seja a ler, a ver um filme, a ouvir as minhas músicas favoritas. Conseguia viver num barco, nas margens de um rio. As indefinições fazem de um todo as ditas maldições. Para mim é arte, a possibilidade de cada um poder escolher, agarrar no seu pincel a ajudar e tecer. Apesar de não haver mais tinta, pinto. E a vida torna-se nisso mesmo, num pedaço de tudo, à espera do toque de veludo. Da mentira da barata, da vida dela que é feita de um grito em stereo -mudo-
sábado, 24 de janeiro de 2009
Sonhar?
Entretanto percebo que o que nos falta não é divulgar, mas sim acreditar. Será esta falta de amor, a procura de amor, de reconhecimento, de um -muito bem- que nos leva a este altar. Como um golo, entre o intervalo das letras, pressinto-me chegar ao ponto de não mais querer. Gosta de mim, a procura do eu, a vontade do comeu e encheu, um -nem mais. Nem menos-. Aquilo que nos toca tornando-nos mais sensíveis, a algo que na verdade nos faz visíveis. E no entanto, custa a cada passo. Não vá -ela- perceber o que escrevo e tornar-se um fardo. Sinto falta Da confiança. Da certeza da minha fiança. -Perguntou-me se era feliz: Respondi-lhe que a qualquer outra pessoa diria que sim. A ela não, não poderia mentir, mesmo que inconscientemente. Aquilo que me saiu foi mais ou menos parecido com a certeza que sim, aos bocadinhos. Nos entre tantos, desiludo-me. E caiu na realidade, seja ela qual for. É como viver sobre a certeza das bebidas brancas, nas veias, e vaguear por aí na esperança que vejamos as coisas mais sóbrias.
Viver de saudade não é viver, e viver sem ela não é crer. Num futuro melhor, há a esperança da cobrança da verdade, e pelo meio, a cedência da vontade. Por isso fico por aqui. No Outono, mistura-mo-nos outra vez.
Até lá, o céu é vermelho e as estrelas azuis. Enquanto o som continuar visível, a cura será sempre plausível. Entretanto, viver, viajar e em ti -na- morar.
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
sábado, 10 de janeiro de 2009
O Rato Que Ladra
Estes dias tenho sentido medo, não receios, nem sentimentos meios, medo mesmo, de mim. Sempre senti por dentro um revolver de emoções, de desentendimentos, como se tivesse mil corações, um desflorescimento para além das montanhas e florestas, de Belém.
Bem, no fundo, tinha me como certo e aos poucos, principalmente Hoje, senti me feliz.
Reparei que tudo à minha volta era belo, táctil, fazível.
E no entanto, andava por entre -dois- mundos.
De segundos a segundos,
via me de fora e pensava:
quais seriam na verdade,
dos poços os seus fundos.
Há quem a chame de Cão Negro.
-Acho a designação perfeita-.
Eu costumo vê-la como uma
sombra,
cada vez maior,
que nos oferece alívio do Sol.
Escaldante.
Mas que aos poucos vai tomando conta de nós, embalando nos no berço, sem apreço.
O que no início tomamos como um alívio, acaba por se revelar um encobrimento, leva nos a luz, que por vezes nos seduz.
Mas não.
Vem por trás e uma mordidela,
nós que à muito soltamos a trela,
por mais que corramos, vêmo-nos chegar a dentada da dor.
Desdenhamos a cor por a sua ausência nos trazer uma forma de conforto, como que a curar a falta -de calor-
.
Hoje, apercebi me que ela nos suga como que as palmas das mãos, ficamos sem nos desentrelaçar, sustos vãos e suspiros,. sem parar.
E é ai que nos esquecemos do Sol, do seu nascer ao seu por, emanações que nos aliviam a dor. Sempre adepto do arco-íris, temo esta sombra de embalar, que se baba e ladra. De raiva. Por isso decidi: o que já a algum tempo vinha a prometer vir
vou viajar, durante um mês, sem parar.
Quando voltar, conto vos como foi.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
.
sábado, 3 de janeiro de 2009
Do que sinto mais falta é da praia. Do cheiro a sal, a maresia. Mesmo que passasse um ano sem lá por os pés, sabia que estava ali mesmo, mesmo no inverno, nos dias mais frios. Os de verão também, quando a noite chegava e eu me fartava de estar em casa. Só ainda me passou meio ciclo. Acho que é por as lágrimas cheirarem a sal que a nostalgia do mar me trás, este sentimento. O odor da cafeína aldraba o tico, e o teco, e faz disfarçar a insónia. Não há nada de errado comigo, faço por acreditar. E no fundo, espero que sim. Algo de diferente, mesmo que de-mente. Luto todos os dias, e a poesia em mim. É o escuro, e tudo é fútil. Sinto que um dia destes o mundo deixa de girar, e eu a olhar para o céu - eu bem disse. a toupeira - pouco lhe importa, na verdade, pouco importa. E eu de luto. Decidi escrever para me reter, pensei que me estava a perder e deste modo ficaria para sempre. Enganei-me. Cada letra que se vai é tudo daquilo que tenho, e se me venho perco-me, um bocado. Mesmo o êxtase que me tira um pouco do que devia guardar. Olho, de relance pela esquina. Vejo te passar e a desaparecer sem nada dizer. Como poderia, se não me viste, e o céu triste, prestes a chorar. Vem a chuva, e o vento trás os gritos de angústia da terra, prestes a eclodir. Está perto, e no entanto, sinto a passar a esquina, de relance. Porém, não percebo nada de arte. Se tivesse um diário perderia me ainda mais, por isso leio te por aqui. Enquanto houver energia, porque o branco é a junção de tudo e o preto a ilusão sem fundo. Se podasse, deixava de escrever, até deixar de ter o que dizer. Aí chegaria a ti, num silêncio que te levaria a trepar a árvore e a colher o meu fruto. de resto, não tem nada de especial, apenas um toque de sal .
Mudando de assunto.