sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Diário - Data desconhecida

"É possível esquecer algo que, no passado, ainda não aconteceu? Será possível, ultrapassar um vento que corra à nossa frente?
Como podemos nós orar por um/a deus/a o/a qual nos negamos acreditar? Será este estreito terreno chamado caminho, um só, ou estarei eu a andar na zona perdida do milho?

São pontos de luz, vermelhos, blindados, hexágonos... aquilo que vejo quando me revejo nos espelhos dos meus olhos. acordo. Alvarás de montanhas quadrúpedeses, que me imprimem a mente. 

Faz meses que não durmo, que sonho tão intensamente, que me acordo encharcado de tanto respirar, e os músculos doem-me de tão te(n)sos... lutas travadas nas trevas paradas.
Acordo assim, no fim das minhas forcas, e vou trabalhar... Sempre mais que um digito, horas de trabalho com uma força de alguém - porque as minhas à muito que me deixaram. Nos últimos dias tenho viajado com uma obsessão. A última vez que pensei nisto acabei na Índia.


... 

Tudo isto me diz que dois mil e dezassete vai ser um ano zero, mais uma vez. Mas não tenho forças nem sequer pra chamar de bem vinda esta nova era, que tanto quero e canto.
deixa lá vir, essa sede de poço seco. talvez seja lava, aquilo que das profundezas transborde e me acorde para raios de luzes, escura.
Já passei por tantas relações, umas intensas e outras nem tanto, e em todas minto sem peso. Porque o faço e tento imaginar aquela que me fez um dia ver o mundo do avesso, cheio de estrelas, num inconsciente sem consciência. mesmo durante o dia, as cinco setas, viradas para fora, mostravam que há sim, algo monstruoso e lindo, no amor não correspondido. Eu sempre fui perito em falhar na paixão. Para mim sempre só houve amor. Puro. Platónico. E somos todos tolos, se pensarmos que dez ou quinze anos não são nada. São tudo, numa realidade paralela. e nada. nada deixa de existir, mas o nojo cresce. E eu deixo de ser desilusão consumada. sou-a desconjurada. Qual salto dos precipícios dos túneis malditos."

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